As bravuras de cinco mulheres bem brasileiras, cada uma delas representando um pedaço do país, encontram-se em Falas Femininas. Como uma homenagem no Dia Internacional da Mulher, o especial da Globo com direção de Antonia Prado e Patrícia Carvalho vai ao ar hoje, logo após o BBB 21, na RBS TV.
— As dificuldades delas estão lá, mas o otimismo é tão presente, a alegria e a força são tão reais, que o que está lá é simplesmente a realidade. Uns dias mais fáceis, outros mais difíceis — define Patrícia.
Para eleger os cinco perfis retratados, a equipe buscou critérios que representassem a maioria das mulheres do país, como a grande quantidade de trabalhadoras informais, o desempenho de jornada dupla e as famílias chefiadas por mães solteiras. O fato de 84,7% dos auxiliares e técnicos de enfermagem serem mulheres e atuarem na linha de frente no combate ao coronavírus, conforme dados do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), também é contemplado no programa.
Para retratar essas histórias, encontradas com o apoio de afiliadas de todo o país, Falas Femininas também teve a produção realizada apenas por mulheres. Trios, formados por duas cinegrafistas e uma entrevistadora, mergulharam no cotidiano e nos sonhos de Carol Dall Farra, Cristiane Oliveira, Gleice Silva, Maria Sebastiana da Silva e Sebastiana Oliveira (conheça as histórias abaixo). No final do especial, as cinco protagonistas se encontraram, em São Paulo, para uma rodada de conversas mediada pela atriz Fabiana Karla.
Futuro
Além de mostrar as “mulheres invisíveis” do país, Antonia também vê o especial como uma oportunidade de valorizar a luta feminina. Ela diz batalhar, em todos os seus projetos, para que as mulheres possam ter a liberdade de decidir tudo o que diz respeito a suas vidas.
— Acredito que essa tal liberdade só será real no momento em que não precisaremos mais explicar o que é feminismo e o que é machismo, e que a igualdade de oportunidades e realidades seja uma verdade tão natural como outra qualquer — explica Antonia.
As diretoras acreditam que o público irá, certamente, identificar-se com algum dos perfis retratados. No caso de Patrícia, por exemplo, os dramas da ambulante Gleice lhe tocaram profundamente, por ter que lidar com três filhas pequenas e ainda se desdobrar com os afazeres domésticos — tudo sem a ajuda do marido.
— A gente fica pensando no aqui, agora, e no depois, como foi, e que não está bom o suficiente.… Quando minhas filhas eram pequenas, também era assim. Eu não sabia o que pedir para o pai delas. Acho que reproduzi o modelo da minha mãe achando que isto era muito natural. Mas não é. Hoje eu tentaria fazer bem diferente — reflete Patrícia.
Conheça as participantes:
Cristiane Sueli de Oliveira, 44 anos
A auxiliar de enfermagem nasceu e mora em São Paulo. Está separada há dois anos e mora com os quatro filhos (23, 18, 13 e sete anos). Divide-se entre a rotina no hospital, onde trabalha na linha de frente do combate à covid-19, e os cuidado com a prole.
Carol Dall Farra, 26 anos
A estudante universitária foi criada em Duque de Caxias, região metropolitana do Rio. Trabalhou para pagar o próprio cursinho pré-vestibular e, hoje, estuda na UFRJ, onde está concluindo a faculdade de Geografia. Estimulou a mãe, Eliane, a voltar para a escola.
Gleice Araújo Silva, a Ruana, 29 anos
A ambulante mora com marido e as três filhas (seis, cinco e quatro anos) e tem uma barraca de drinks na praia, em Salvador (BA). Fora da alta temporada, complementa sua renda vendendo comida e bebida em eventos, por encomenda.
Sebastiana do Santos Oliveira, a Tina, 47 anos
A diarista nasceu na Bahia e se mudou para São Paulo, onde mora com os dois filhos (18 e oito anos). Sempre pagou todas as contas sozinha. Estudou só até a quarta série.
Maria Sebastiana Torres da Silva, 59 anos
A sanfoneira e agricultora nasceu em São Raimundo Nonato, no Piauí. Não frequentou a escola porque tinha que trabalhar na roça. Voltou à sala de aula apenas no ano de 2019.