Em plena pandemia de coronavírus, a Djalma Noivas volta a funcionar a todo vapor. O seriado Tapas & Beijos, sucesso entre 2011 e 2015, será reprisado semanalmente a partir desta terça-feira (4), combinando nostalgia e tributo ao ator Flávio Migliaccio, o eterno Seu Chalita, que morreu em maio deste ano.
Em clima de reencontro de velhos amigos, o elenco da série, em bate-papo online com a imprensa, relembrou histórias de bastidores e falou sobre a expectativa da volta à TV aberta.
Tributo ao mestre
Não faltam risadas e piadas internas quando o assunto são os tapas, beijos e a descontração dos bastidores. As gargalhadas só dão lugar às lágrimas ao lembrarem de Flávio Migliaccio, o "astro-rei" do elenco, segundo Andrea Beltrão.
— A gente não teve a oportunidade de estar com ele. Então, vai ser uma maneira bacana de nós e o público nos despedirmos. Despedir, não. Ele vai ficar para sempre. Algumas pessoas não morrem — ressalta a intérprete de Sueli.
Para o autor Cláudio Paiva, o retorno de Tapas & Beijos à programação da Globo é uma espécie de tributo a Flávio:
— Televisão não se faz sozinho. A gente não tinha chorado junto ainda para lamentar a perda. Ele era parte da família, fundamental.
Trama atemporal e universal
Passados cinco anos do fim da série, muitas coisas mudaram no Brasil e no mundo. No entanto, o elenco concorda que os temas abordados são universais e atemporais.
— É um fenômeno interessante, agradou pessoas de diferentes idades e classes sociais. Muitas mulheres se identificavam com Fátima e Sueli por serem independentes, trabalhadoras, enquanto tentavam se realizar amorosamente — garante Fernanda Torres, que dá vida a Fátima na produção.
Identificação
Para o diretor Mauricio Farias, um dos motivos do sucesso é a identificação do público com as questões vivenciadas pelos personagens:
— Os personagens tinham um lado meio desajustado, solitário, perdido, e se encontravam através dos ambientes de trabalho. Isso tornou o programa bastante comum ao público.
Fórmula do sucesso
A parceria do elenco, segundo Mauricio, foi fundamental para que um produto de qualidade fosse levado ao ar semanalmente, durante cinco anos.
— Posso ressaltar que nesse trabalho tivemos parceiros muito comprometidos e que amam o que fazem. Uma reunião de pessoas que se dedicaram muito — garante.
Fernanda destaca o realismo dos cenários, figurinos e toda a produção de arte do programa:
— A cidade cenográfica representando Copacabana era incrível, as pessoas sempre me perguntavam onde ficava no bairro aquele quarteirão. Os figurinos de Fátima e Sueli também eram impecáveis.
Kiko Mascarenhas, que viveu dois personagens na série — Santo Antônio e o advogado Tavares — brinca que o que fez sucesso foram os inúmeros tapas que aconteciam a cada episódio:
— Eu levei tapas de todo o elenco, fui o campeão.
Mão pesada
Quem também apanhou bastante no seriado foi Armane, personagem de Vladimir Brichta. Às gargalhadas, ele entrega que Andrea Beltrão era a mão mais pesada do elenco:
— Toda vez que eu recebia um tapa da Andrea, era a prova cabal de que ela nadava mesmo. Devia atravessar o Atlântico todo dia. É uma saúde! (risos). Ela nunca me poupou.
Não é lenda. Os colegas confirmam que a atriz aproveitava os intervalos das gravações para praticar esportes aquáticos no mar de Copacabana, no Rio de Janeiro.
Amizade dentro e fora de cena
Otávio Müller é um dos mais empolgados com o retorno do seriado à telinha. O ator celebra a importância de Djalma na história e em sua própria trajetória profissional:
— Eu não sou exatamente um galã, então, eu estou sempre fazendo bons coadjuvantes. Nessa série, eu estava ali na comissão de frente, um quase protagonista. Então, para mim, subiu um patamar, eu acho.
Se na ficção Fátima e Sueli eram quase irmãs, o carinho ultrapassou os limites das gravações e fortaleceu os laços entre suas intérpretes.
— A Andrea virou uma irmã, nos tornamos parceiras de um jeito muito profundo. É difícil atravessar cinco anos de convivência sem se desentender, conseguindo perceber o limite do outro, respeitar a parceria — conta Fernanda.
Retorno a Copacabana?
Mauricio Farias conta que Tapas & Beijos ficou no ar mais tempo do que o previsto, tudo graças ao sucesso da série. O momento da despedida, na época, foi em comum acordo com o elenco e a equipe da Globo:
— Quando anunciamos que iríamos parar, a direção da Globo disse: "Vocês voltam quando quiserem". Aquilo era o reconhecimento de que tudo havia dado certo.
O elenco revela que até hoje o público pede a volta da série, mesmo que seja em um especial de final de ano. Há ainda a ideia de um filme sobre Fátima e Sueli, mas o projeto está engavetado. Se depender dessa família formada pela equipe de Tapas, há grandes chances de um retorno.
— Tínhamos a ideia de fazer um filme. Mas eu achei, naquela época, que, como a gente tinha acabado de fazer cinco anos da série, não seria o ideal. Hoje, eu acho que seria legal fazer um especial ou filme — comenta Fernanda.
Fábio Assunção, intérprete de Jorge, conta que guardou até uma peça de roupa de seu personagem para o caso de uma volta às origens:
— Meu colete já está pronto.
Enquanto não se decide pelo retorno das aventuras inéditas de Fátima, Sueli e seus amigos, vale a pena rever o que eles aprontaram nos cinco anos da série. O sucesso de Tapas & Beijos pode ser resumido em uma frase, segundo Otávio:
— A gente era muito feliz e sabia disso.