Em 1998, o ator Cacá Carvalho ficou conhecido pelo bordão "Jamanta não morreu". Isso porque o personagem dele na novela Torre de Babel, da Globo, chamado Jamanta, se vangloriava de não ter sido uma das vítimas da misteriosa explosão de um shopping center. A trama, de Silvio de Abreu, entrou no catálogo do Globoplay nesta segunda-feira (3).
— É uma novela que trata de loucura, de ganância pelo poder, de explosões terríveis, de vidas que se digladiam. Ao mesmo tempo, tem um povo divertido, com outra perspectiva de vida e pleno de alegria. Acho isso muito bonito. É uma novela muito misturada, cheia de personagens intensos, trágicos, gananciosos e, muitas vezes, divertidos, como é o caso do meu, por exemplo — afirmou, em entrevista ao site Gshow.
O personagem fez tanto sucesso na época que Silvio de Abreu decidiu inseri-lo em outra novela, Belíssima, de 2005. Para Cacá Carvalho, poder rever esse trabalho 22 anos depois pode ser uma boa distração em tempos de pandemia.
— Acho que, como estratégia de entretenimento para esse momento que nós estamos passando, de tanta privação devido a essa coisa terrível que é essa doença, é um tipo de divertimento muito bem-vindo. No meu caso, e, acredito, que no de todo o elenco, é um modo de nós reencontrarmos um trabalho que fizemos há 22 anos com uma alegria tão grande e um empenho tamanho, e ver o que ele é hoje. A mim, particularmente, me deixou muito feliz — concluiu.
A carreira segue
Mesmo sumido da televisão, Carvalho segue firme na carreira artística se dedicando ao teatro. Em junho deste ano, ele realizou sua primeira live atuando em O Carrinho de Mão, trecho do espetáculo que adapta a obra do italiano Luigi Pirandello. Dentro da programação do mesmo festival de transmissões ao vivo, organizado pelo Sesc-SP, já passaram nomes como Sérgio Mamberti, Ailton Graça e Denise Weinberg.
Sua veia teatral não surgiu nas últimas duas décadas, após seu trabalho em Torre de Babel. Muito pelo contrário. Carvalho estreou no fim da década de 1960 e, em 1978, foi destaque na montagem de Macunaíma feita por Antunes Filho.
Na televisão, ele estreou em 1993, com um papel em Renascer, e voltou a aparecer em 1995, como Fedegoso em A Farsa da Boa Preguiça. Sua explosão foi três anos depois, com Torre de Babel, com o atrapalhado Jamanta. O personagem fez tanto sucesso que foi recuperado em 2005, com uma participação em Belíssima.
Até 2007, o ator atuou também em A Muralha e nas séries Mandrake (da HBO) e A Pedra do Reino (da Globo). Depois, o artista voltou-se de vez para os palcos. Sua presença de palco já tinha sido reconhecida em 2003 com o espetáculo A Poltrona Escura, que lhe rendeu um Prêmio Shell de Melhor Ator.
Ele fundou, em 2004, o projeto de teatro Casa Laboratório, no bairro da Barra Funda, em São Paulo (SP). A iniciativa realiza oficinas de artes cênicas e o desenvolvimento de espetáculos, com ensaios técnicos com atores profissionais. Nos últimos anos, Carvalho também se destacou com a peça A Próxima Estação – Um Espetáculo para Ler e o monólogo 2×2 = 5 – O Homem do Subsolo, inspirado no romance Memórias do Subsolo, de Fiódor Dostoiévski.
Na TV, mesmo apagado, ganhou um papel em Cine Holliúdy, como o padre Raimundo, em 2018. Por ventura do destino, a série está sendo reprisada nas noites de terça na RBS TV - e uma baita oportunidade de revê-lo.