O amor como combustível da vida. Um homem que vive para se apaixonar. Várias mulheres que caminham na trilha da liberdade. Assim pode-se resumir o enredo de Todas as Mulheres do Mundo, nova série do Globoplay, que estreia nesta quinta-feira (23) com 12 episódios que fazem uma ode à paixão e à obra do dramaturgo e cineasta Domingos Oliveira, que morreu em março de 2019, aos 82 anos. O primeiro episódio será exibido na RBS TV, às 23h55min, após o BBB.
O título da série é o mesmo do primeiro filme de Oliveira, lançado em 1966. Ficou nas mãos de Jorge Furtado e de Janaína Fischer, parceiros em produções da Casa de Cinema de Porto Alegre, a adaptação do texto para a televisão. O projeto começou dois anos antes da morte do dramaturgo, que teve a oportunidade de fazer sugestões aos autores. Além do longa-metragem, outros seis textos originais de Oliveira foram usados como referência: Amores, Separações, Os Inseparáveis, A Primeira Valsa, BR 716 e Largando o Escritório.
— Conseguimos manter o espírito dele. O Domingos era uma pessoa que adorava o ser humano. Todas as pessoas têm desejos justos. A série é profundamente feminista, pois o texto, escrito no anos 1960, é muito à frente do seu tempo. Tivemos que adaptar muito pouca coisa para o presente, pois a obra é muito moderna — disse Furtado, em entrevista por vídeo com o elenco e a equipe da série.
O protagonista, Paulo, vivido pelo ator Emílio Dantas, não é galanteador ou machista. De forma respeitosa, diz-se um apaixonado pela vida e por todas as mulheres do mundo. Cada um dos episódios apresentará mulheres diferentes. Todas elas possuem algum envolvimento com Paulo, em relações amorosa, de amizade e até maternal.
Emílio contou que procurou o ator Paulo José, que viveu o protagonista no cinema, para se inspirar no personagem.
— Quando eu assisti ao filme, me chamou a atenção o quão avançado foi aquele masculino que o Paulo José colocou no personagem. Fui, então, até o Paulo e ele me disse que esse sentimento era o prazer de estar ali. A questão é do quanto a gente está entregue. Eu me entreguei e deixei o Paulo me entregar. O Paulo é essa confusão masculina que a gente enxerga hoje no mundo — explicou Dantas
A poesia como diálogo
GaúchaZH assistiu ao primeiro episódio da série, que tem como foco o romance de Paulo com Maria Alice. Coube à atriz Sophie Charlotte interpretar o papel que foi de Leila Diniz (1945-1972) no filme original — uma personagem bem conhecida de Sophie, que revelou ter como hábito repetir as falas dela para outras pessoas.
— Eu gostava de apresentar o filme para os meus amigos, para meus amores, para ver quem iria gostar mais. Sempre tive uma relação com esse filme e com essa personagem, que também explicavam como eu imaginava o amor. Viver a Maria Alice é matar a saudade dos amigos, me encantar pela vida de outra forma e amar mais esse ofício da arte — disse Sophie.
Nos diálogos de Todas as Mulheres do Mundo, mergulhamos no mundo da poesia: várias frases que aparecem nos textos de Domingos Oliveira são interpretadas na íntegra pelos personagens. Em vários momentos, as falas quase beiram o clichê, mas, ao mesmo tempo, soam únicas.
— Não tem clichês em lugar nenhum, não tem uma frase feita em lugar nenhum na obra do Domingos. Tudo é original, tudo é surpreendente — defendeu Jorge Furtado.
O primeiro episódio também apresenta Cabral (Matheus Nachtergaele) e Laura (Martha Nowill), melhores amigos do protagonista. Os três representam alter egos de Domingos Oliveira: Paulo é o lado intenso e apaixonado do autor, Laura é sua faceta feminina e Cabral mostra seu lado mais sábio e subjetivo. O sobrenome do dramaturgo também é lembrado no nome do mascote da série: o simpático cãozinho Oliveira (Flint na vida real).
Além de estar nas personalidades dos personagens de Todas as Mulheres do Mundo, a presença de Oliveira também se refletiu na escolha dos atores que, em sua maioria, trabalharam ou conviveram com o dramaturgo. Sua filha, Maria Mariana, e sua companheira, Priscilla Rozenbaum, também fazem parte do elenco, junto com nomes como Lilia Cabral, Fernanda Torres, Maria Ribeiro, Fábio Assunção e Felipe Camargo, entre outros. A direção artística de Todas as Mulheres do Mundo é de Patrícia Pedrosa.