Todas as Mulheres do Mundo estreia nesta quinta-feira (23) no Globoplay para fazer uma homenagem à obra de Domingos Oliveira. A série, que terá seu primeiro episódio exibido na RBS TV, é baseada em seis textos do dramaturgo e cineasta. Acompanha a vida do apaixonado Paulo (Emílio Dantas), que, em cada um dos 12 episódios, se relaciona com mulheres diferentes, de forma amorosa, amigável e até maternal.
A adaptação para TV, escrita por Jorge Furtado e Janaína Fischer e com direção artística de Patrícia Pedrosa, foi pensada nos detalhes: há particularidades nos diálogos, na cenografia, na trilha sonora e até no figurino dos personagens. A escolha do elenco também foi diferenciada. Confira cinco curiosidades sobre a série e saiba mais sobre o trabalho do dramaturgo:
1 – A escolha dos atores
A maioria do elenco trabalhou com Domingos Oliveira ou conviveu com ele. A filha do dramaturgo, Maria Mariana, e sua viúva, Priscilla Rozenbaum, fazem participação especial em Todas as Mulheres do Mundo. E escolha foi proposital, como contou a diretora artística Patrícia Pedrosa, em entrevista a GaúchaZH:
— Como eu não havia conhecido o Domingos, achei que era importante ter esses relatos dessas pessoas que já passaram pela vida dele. Foi muito produtivo, porque elas vinham com referências novas, novos olhares para a série.
Fernanda Torres, que participou da adaptação de Todas as Mulheres do Mundo para o Caso Especial, exibido pela Globo em 1990, também foi convidada a participar da série, interpretando Estela.
Saiba quem são as personagens que dão nome a cada episódio, em ordem: Maria Alice (Sophie Charlotte), Adriana (Samya Pascotto), Elisa (Marina Provenzzano), Laura (Martha Nowill), Martinha (Veronica Debom), Dionara (Lilia Cabral), Renata (Maria Ribeiro) e Pâmela (Sara Antunes), Gilda (Mariana Sena), Sara (Maeve Jinkings), Natália (Natasha Jascalevich), Maria Alice (Sophie Charlotte) e Pink (Naruna Costa).
2 – Fotografia opaca
Quem assistir à série vai notar uma paleta de cores mais opaca. De acordo com a diretora Patrícia Pedrosa, a intenção inicial era fazer a produção em preto e branco, mas a escolha poderia não agradar o público. Com isso, o mínimo de cor possível foi usado na fotografia.
— Os planos têm pouquíssimas cores para ter o efeito do preto e branco com cor — explicou Patrícia, afirmando que usou apenas duas cores para compor a fotografia, do cenário ao figurino dos personagens.
3 – Figurino e referências a diferentes épocas
O figurino casa com a personalidade dos personagens, com cores e estilos diferentes. Para o protagonista Paulo, por exemplo, foram adotados os tons de cinza e verde.
— Pensamos em um jovem arquiteto dos dias de hoje que não está nem aí para roupa. É um personagem que repete muita roupa — disse Natália Duran, que assina o figurino da série com Cao Albuquerque.
Cada personagem homenageia uma época ou estilo, fazendo uma viagem em todas as décadas em que Domingos Oliveira viveu.
—A Maria Alice é a mais clássica e atemporal de todas. A Fernanda Torres, que interpreta Estela, mas que já foi Maria Alice na década de 90, homenageia esta época, com os cabelos levemente repicados. Já Dionara (Lilia Cabral) foi inspirada na atriz britânica Tilda Swinton nos anos 2000 — citou Anna Van Steen, responsável pela caracterização da série.
Na escolha das roupas, a equipe do seriado apostou em profissionais que trabalham com sustentabilidade e tingimentos orgânicos. Peças de brechó também foram utilizadas.
4 – Música
A música que faz parte da abertura de Todas as Mulheres do Mundo é a mesma: Carinhoso, de Pixinguinha e João de Barro. A diferença é que, em cada episódio, uma cantora diferente dará voz à canção. Algumas artistas foram convidadas a gravar a música, como Céu e Alcione. De outras, foi aproveitada gravações já existentes, caso de Elis Regina e Marisa Monte, que aparece na abertura do primeiro episódio.
4 – Sem bandeiras
Além de as mulheres serem a maioria no elenco, a equipe que fica atrás das câmeras também é majoritariamente feminina – e a escolha foi proposital. De acordo com a diretora artística Patrícia Pedrosa, a ideia foi contar a história pelo lado mais feminino possível. Porém, não houve a intenção de transformar a série em uma narrativa feminista:
— Não precisamos disso. Falamos sobre pessoas, sobre amor, sobre afeto, sobre mulheres diferentes, sobre paixão. Não queremos pegar um assunto e transformar essa série em política. Estamos só falando de amor, esse é o ponto da série — falou Patrícia.
5 – A obra de Domingos Oliveira
Autor de mais de 120 obras no teatro, cinema e TV, Domingos Oliveira fez parte da equipe de autores de séries de sucesso nos anos 1970 na Globo. Foi também ator de novelas. Entre os trabalhos que fez na emissora, estão Show da Noite, Ciranda Cirandinha, Amizade Colorida, As Noivas de Copacabana, Contos de Verão e a minissérie JK, seu último trabalho na televisão, em 2006.
Quem conhece o trabalho de Domingos, vai identificar diversas referências em Todas as Mulheres do Mundo. Várias cenas do filme de 1966, que deu o nome para a série, estão espalhadas no seriado. Nos diálogos, aparecem diversas frases escritas por Domingos, faladas de forma poética e literal pelos personagens.
Em Todas as Mulheres do Mundo, há também a representação dos alter egos de Domingos: o protagonista Paulo é o lado intenso e apaixonado do autor. Já seus dois amigos, Cabral (Matheus Nachtergaele) e Laura (Martha Nowill), representam a faceta feminina e o lado mais sábio e subjetivo do dramaturgo. Domingos é lembrado até no mascote da série e fiel companheiro de Paulo e Cabral: o cão recebeu o nome de Oliveira.