Falta pouco para a última página, ou melhor, o último capítulo de Bom Sucesso. A trama de Rosane Svartman e Paulo Halm teve uma repercussão surpreendente, movimentou o público e arrancou elogios da crítica especializada. Confira alguns ingredientes desse sucesso e as páginas que poderiam ser arrancadas do folhetim:
ALTOS
— A união perfeita entre a experiência de nomes como Antonio Fagundes (Alberto) com novatos talentosos foi um acerto e tanto. A harmonia entre todos no elenco ficou evidente em cena, com todos se destacando à sua maneira, sem distinção. Entre os jovens, destaque para Lucas Leto, que mostrou várias nuanças como Waguinho. Isso sem falar nas fofuras Sofia (Valentina Vieira) e Peter (João Bravo), uma duplinha que roubou a cena.
— Falar sobre a morte não é nada agradável. Porém, em Bom Sucesso, os autores conseguiram imprimir leveza e até uma certa magia ao assunto. Outros temas espinhosos, como aborto e dependência química, foram abordados com a sutileza ideal para o horário.
— Ao contrário do que costuma acontecer em triângulos amorosos da ficção, em Bom Sucesso a torcida pelos pretendentes de Paloma (Grazi Massafera) ficou dividida. Afinal, tanto Ramon (David Junior) quanto Marcos (Romulo Estrela) tinham suas qualidades e defeitos, o que tornou ambos opções válidas para a mocinha. É claro que, com o passar do tempo, a balança pendeu mais para o lado do filho do patrão. Com uma relação construída aos poucos, Paloma e Marcos mudaram muito e diminuíram o abismo que os separava. Ele encontrou o amor e deixou de ser mulherengo. Ela, por sua vez, passou a levar a vida menos a sério e a se dar chances de "chutar o balde" quando fosse preciso. Assim, formou-se o casal "Maloma", hoje o queridinho do público.
— Bom Sucesso provou que é possível unir duas coisas tão diferentes como novela e literatura. Não é preciso desligar a TV para ler um livro, pelo contrário, foi através das indicações da trama que muitos brasileiros se interessaram por obras clássicas. Segundo uma pesquisa do jornal Extra, a busca pelos títulos citados na novela cresceram 15%. Livros como O Mágico de Oz, de L.Frank Baum, e Peter Pan, de J.M. Barrie, foram apresentados ao grande público.
BAIXOS
— O vilão Diogo (Armando Babaioff) demorou muito para mostrar as garras. Até metade da história, colecionou armações fracassadas, mais ameaçava e esbravejava (além de mascar chiclete irritantemente) do que agia. No último mês de novela, Diogo virou a encarnação da maldade, aí sim, com munição para destruir seus inimigos e deixar o telespectador sem fôlego.
— A paixão de Alberto por Paloma não serviu para nada em termos práticos. Marcos chegou a ter uma crise de consciência por amar a mesma mulher que seu pai, mas o conflito durou apenas dois capítulos. A relação do milionário com a costureira ia muito além de um interesse romântico, e a simples sugestão de "algo mais" entre eles soou quase incestuosa.
— O drama de Gabriela (Giovanna Coimbra), que dependia de uma transfusão de sangue do pai mau-caráter Elias (Marcelo Faria), foi longo e cansativo. A trama passou quase duas semanas em torno do mesmo assunto, muito tempo para um folhetim que até então se desenrolou sem "barriga" (a famosa "enrolação").
— Uma história inovadora e quase sem clichês. Assim vinha Bom Sucesso até sua reta final. Eis que, aos 45 do segundo tempo, os autores não resistiram às clássicas cenas de falsa traição, quando Paloma viu Marcos na cama com outra, e do flagrante de tráfico de drogas armado pelo vilão. Desnecessário e pouco original.