Escrita por Paulo Halm e Rosane Svartman, a novela Bom Sucesso, da Globo, termina nesta sexta-feira (24) com ótimos índices de audiência, que surpreendeu até mesmo os autores da trama.
— Estamos muito satisfeitos, pois sentimos que a novela dialogou com a sociedade e se debruçou sobre temas sobre os quais as pessoas querem conversar — diz Halm. — A audiência também nos surpreendeu. É difícil escrever apenas com o intuito de agradar a audiência ou a crítica, então buscamos escrever sobre temas que achamos importantes e de forma apaixonada.
Dados do Kantar Ibope mostram que a trama das 19h da Globo chega à reta final com a maior audiência para essa faixa de horário desde 2012. Em alguns dias, sobretudo em dezembro, o folhetim superou Amor de Mãe, principal novela da emissora exibida após o Jornal Nacional.
Com 24 semanas completas no ar, a trama registra média parcial de 29 pontos em São Paulo (cada ponto equivale a cerca de 73 mil domicílios). Perguntados se Bom Sucesso poderia ser exibida às 21h na TV, os autores preferem ser mais cautelosos.
— Não achamos, cada horário tem a sua característica. São dramaturgias, temáticas e abordagens diferentes — diz Svartman.
Uma das cenas mais aguardadas dessa reta final foi exibida nesta quarta-feira (22) quando Alberto (Antonio Fagundes) deixa o hospital para acompanhar Paloma (Grazi Massafera) no desfile da Unidos do Bom Sucesso no Carnaval.
As cenas foram gravadas durante os desfiles ainda em 2019, e o desfecho deve ser a morte do dono da Editora Prado Monteiro.
— A novela fala sobre a importância de viver com a consciência de que nossos dias são finitos e únicos. É sobre saber valorizar, de forma intensa, as pequenas coisas do cotidiano — afirma Halm.
Bom Sucesso teve muitos destaques individuais, como Antonio Fagundes, Grazi Massafera, Fabíula Nascimento e Amando Babaioff, que deu vida ao vilão Diogo.
— Num elenco com tantos talentos, com atores e atrizes tão formidáveis, é difícil destacar um ou outro nome. Mas foi uma honra e um privilégio ver a Paloma vivida intensa e apaixonadamente pela Grazi Massafera. Babaioff transformou um personagem repulsivo e asqueroso como o Diogo em pura diversão. Impossível desgrudar os olhos dele — diz Halm.
O autor também elogia artistas da nova geração.
— Entre os novos talentos que a novela revelou, e foram muitos, nos surpreendemos demasiadamente com Valentina Vieira (Sofia), uma gigante em cena. Tem a delicadeza de Bruna Inocêncio (Alice), o carisma imenso de Giovanna Coimbra (Gabriela) e a potência incrível de Lucas Leto (Waguinho).
Respeito aos fãs
Especialistas em televisão afirmam que Bom Sucesso termina de forma marcante e significativa. Para eles, a trama já marcou seu nome na história da dramaturgia por tratar de forma leve e inteligente dois assuntos incomuns: morte e literatura.
— Ao contrário de algumas novelas rasas, o texto de Bom Sucesso é inteligente e trata o público com respeito. Em tempos de polarização política em que a educação está tão desvalorizada, assistir a textos literários em um produto de massa é verdadeiramente um privilégio — diz o pesquisador Dirceu Lemos.
Para ele, a novela foi marcante ao fazer críticas a situações políticas atuais de maneira sutil e delicada. O ponto negativo, diz Lemos, foi que algumas histórias se estenderam mais do que deveriam, como a chegada do pai de Gabriela (Giovanna Coimbra).
— A trama principal da personagem Paloma reforça o estilo de narrativa que foi desenvolvido a partir dos anos de 1970 por Janete Clair, que envolvia o público com suas histórias romanceadas de fácil compreensão. Não tem como entediar o público — afirma Claudino Mayer, ao destacar as atuações de Armando Babaioff, Grazi Massafera e a leveza com que Fagundes levou a trama da doença que o acometia desde o primeiro capítulo.
Outro ponto positivo do folhetim de Paulo Halm e Rosane Svartman, diz Mayer, foi destacar mais de 15 personagens negros sem cair nos estereótipos tão comum de outras novelas.
Morte de Alberto
Atenção! O texto a seguir contém spoiler! Se não quiser saber, pare por aqui.
Alberto (Antonio Fagundes) morrerá no último episódio. A passagem dele, porém, será bonita e memorável. Após sambar na Sapucaí e realizar seu último sonho em vida, ele voltará para casa e se sentirá mal.
A morte dele ocorrerá no lugar de que mais gosta, em sua biblioteca, após se despedir dos familiares. Já Diogo (Armando Babaioff) não deve morrer, mas, sim, o personagem deve sofrer na pele as consequências de todas as maldades praticadas na trama — matou, ateou fogo, sequestrou e até estuprou.
Paloma (Grazi Massafera) e Marcos (Romulo Estrela) vão terminar juntos e felizes, com os filhos, assim como Nana (Fabiula Nascimento), que tanto sofreu na história.
— Acho que Nana amadureceu bastante. Entendeu seu lugar e sua importância. Se fez mais presente na vida da filha, entendeu as necessidades do pai em relação à Paloma, aceitou a leveza e o prazer de amar alguém verdadeiramente. Um belo caminho — diz Fabiula.
Para a atriz, a mensagem que a personagem deixa é a de que o amor próprio é essencial.
— E que as adversidades da vida podem nos transformar em rochas — conclui.
Para Grazi Massafera, a personagem Paloma a reconectou com a sua essência simples. Ela também começou a novela querendo homenagear a mãe dela, que assim como a mocinha na trama também é costureira.
— Saio com o dever cumprido. Minha mãe ficou super orgulhosa de mim. Estou feliz com o resultado de todos.