Ao programa Conversa com Bial de quinta-feira (12), Rennan da Penha deu sua primeira entrevista após ser liberado do presídio Bangu 9, na zona oeste do Rio de Janeiro, no final de novembro. O DJ, conhecido por organizar o Baile da Gaiola, uma das mais populares festas do funk carioca, foi preso em abril após ser acusado de associação ao tráfico de drogas.
O funkeiro chegou a ser inocentado em primeira instância, mas foi condenado na segunda e ficou sete meses preso. Rennan conseguiu um habeas corpus junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) após ser beneficiado pela decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que derrubou a prisão de condenados em segunda instância.
Rennan contou no programa que o período na prisão foi o mais difícil de sua vida, pois teve a sensação de que iria perder tudo que havia conquistado em sua carreira na música. Na cela em que ele estava, cabiam apenas duas pessoas, mas havia seis.
— Quando a gente tá naquele lugar ali, a esperança morre — contou o funkeiro.
Ele também se disse impressionado com a repercussão da sua prisão no meio musical. Além de receber diversas menções pedindo sua liberdade no Prêmio Multishow de 2019 e vencer na categoria canção do ano, com a música Hoje Eu Vou Parar na Gaiola em parceria com o MC Livinho, Rennan contou que ficou impressionado ao assistir, na TV instalada dentro da cela, uma homenagem no Rock in Rio.
— Eu estava de madrugada assistindo ao Rock in Rio e de repente um MC fez uma homenagem para mim no Palco Favela. Fiquei, tipo "ohhh" — contou, surpreso.
O DJ também comentou sobre as acusações que o levaram à cadeia. De acordo com o desembargador responsável pelo caso, Rennan tinha a função de "olheiro", responsável por relatar a "movimentação dos policiais através de redes sociais e contatos no WhatsApp", segundo informaram testemunhas. A defesa do DJ, no entanto, disse que ele apenas alertava os moradores sobre a presença da polícia na comunidade.
— Eu postei para a comunidade que o "caveirão" (carro blindado da polícia) estava entrando e falaram que eu estava avisando o tráfico e me colocaram como olheiro. Eu não sabia que uma publicação, para avisar os moradores da comunidade, ia ser vista como algo de associação ao tráfico. Muita gente da comunidade, muitos jornais, também fazem isso — explicou Rennan no programa.
Na época, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) chegou a questionar a prisão de Rennan, que havia sido absolvido em primeira instância, e afirmou que a condenação seria uma tentativa de criminalizar o funk.
Rennan, que espera o julgamento em terceira instância em liberdade, assinou contrato com uma gravadora, lançou outra parceria com MC Livinho e pretende continuar sua carreira de onde parou.