A série The Handmaid's Tale foi o ponto de partida para o novo episódio do canal Porta dos Fundos lançado nesta quinta-feira (6), satirizando pronunciamentos oficiais do governo Bolsonaro.
No vídeo de pouco mais de três minutos, aias — como são conhecidas no seriado as mulheres escravizadas com o fim de procriarem — se encontram em uma casa de aspecto medieval. Descem até um porão, onde assistem a um programa televisivo, entendido como distópico.
— É política brasileira. Tem uns caras bem criativos ali, sabe? É meio uma distopia de um Estado teocrático — explica a personagem interpretada por Evelyn Castro, que faz referência à aia Ofwarren.
Em seguida, cenas do atual governo surgem na tela. Entre elas estão o ministro da Educação, Abraham Weintraub, esclarecendo com chocolates medidas adotadas por sua pasta. O presidente Jair Bolsonaro também aparece na televisão dizendo que "militante não tem nada na cabeça, se perguntar quanto é sete vezes oito, não sabe", em referência aos manifestantes que foram às ruas em oposição aos planos de cortes na educação.
Vídeos da deputada Gleisi Hoffmann ao lado do dono da Havan, Luciano Hang, e da ministra da pasta da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, também são apresentados.
— Se é tão aflitivo, por que vocês assistem? — questiona a personagem da atriz Thati Lopes.
— Para a gente se preparar, né? Vai que um dia a gente acabe assim — responde a aia interpreta por Karina Ramil.
O vídeo é mais uma sátira crítica do canal sobre pronunciamentos e mudanças na legislação propostas pelo governo Bolsonaro — outro se referia à proposta de flexibilização do posse de arma.
Série distópica
The Handmaid's Tale é baseada no livro O Conto de Aia, da canadense Margaret Atwood. No mundo distópico da autora, a sociedade, que sofre com catástrofes naturais devido ao mau uso de bens naturais e fertilidade escassa, submete as mulheres menos abastadas ao coito forçado com o Comandante, homem de poder socioeconômico, e sua esposa. Essas medidas estão, segundo o seriado, amparadas por escritos bíblicos.
Procurado pela reportagem de GaúchaZH, a assessoria do Planalto ainda não se posicionou sobre o episódio.