Formados nos palcos de teatro, os atores Carol Duarte e Silvero Pereira encararam o desafio de retratar o drama de um transexual e de uma drag queen no primeiro papel que cada um assumia na TV. Com a novela A Força do Querer prestes a terminar — o último capítulo será veiculado na sexta-feira (19) —, a dupla que encena Ivan e Nonato na novela das nove participou de Mais Você nesta quarta-feira (18) para falar sobre a recepção do público com um assunto envolto em tabu no Brasil.
Carol Duarte, cujo papel foi mencionado em publicação do jornal americano The New York Times e em setembro foi a artista mais comentada pela imprensa, disse que não esperava que sua personagem tivesse tanta repercussão.
— Eu sabia que ia ser um papel que ia dar o que falar. Foi uma surpresa muito legal — admitiu a atriz.
Sobre o preconceito contra a população LGBT, evidenciado tanto pelo personagem de Carol quanto de Silvero, a atriz disse que, na tentativa de amenizar o problema, sente um prazer especial em conversar sobre gênero e sexualidade com pessoas que não entendem do assunto.
— Às vezes o preconceito vem da ignorância, vem do desconhecimento. Falar com tantas pessoas assim me emociona muito — confessou.
Silvero Pereira, que esteve em Porto Alegre apresentando BR-Trans — um dos espetáculos mais elogiados no circuito nacional —, contou que entrou apavorado nos estúdios da Globo para gravar as primeiras cenas da novela. O nervosismo foi ficando para trás diante do carinho da produção. O ator ressaltou a violência contra a população LGBT, e admitiu ter sofrido preconceito na vida real.
— (Sofri) muito. Eu sou cearense, nordestino do sertão. A xenofobia é muito grande, a novela também fala sobre isso. O fato de ser pobre, de vir de família pobre, de estudar em escola pública — declarou.
Em relação ao papel de Nonato, que durante o dia esconde a homossexualidade trabalhando como motorista e à noite se revela em performances da drag queen Elis Miranda, Silvero ressaltou como seu trabalho afeta diretamente a sociedade.
— De alguma maneira a gente consegue fazer com que nosso trabalho atinja a sociedade. O artista tem essa função. Graças a Deus a arte me trouxe muita coisa boa, porque consegui juntar a arte com a vida. A arte conseguiu me mostrar como meu trabalho conseguia modificar a sociedade — declarou.