Monarco, presidente de honra da Portela e um dos mais antigos integrantes da Velha Guarda da tradicional escola de samba morreu aos 88 anos na tarde desse sábado (11) no Rio de Janeiro. O cantor e compositor estava internado desde novembro no Hospital Federal Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, na Zona Oeste, quando foi submetido a uma cirurgia no intestino.
De acordo com nota oficial divulgada pela Portela, o sambista não resistiu a complicações da intervenção.
Hildemar Diniz nasceu em Cavalcante, na zona norte do Rio de Janeiro, mas se mudou ainda menino para Oswaldo Cruz, também na zona norte, no bairro da Portela. Ainda criança começou a compor. Aos 17 anos já era da Ala de Compositores da escola de samba.
Veja a nota de falecimento publicada pela Portela
Monarco é autor de alguns dos sambas mais clássicos da Portela, como Passado de Glória, Triste Desventura, Vai vadiar e Coração em desalinho- essas duas últimas se tornaram grandes sucessos na voz de Zeca Pagodinho.
Zeca foi um dos primeiros a lamentar a morte de Monarco.
— Perdemos Monarco, nosso mestre, a Portela está triste, o mundo do samba está triste. Só tenho a falar que tive uma missão bacana, não fez feio, cumpriu a missão dele e Deus recebe — disse, em vídeo para redes sociais.
Poucos minutos depois de a morte do sambista ser confirmada, a cantora Marisa Monte também fez uma postagem em uma rede social. "Monarco sempre foi um mestre nato, de personalidade generosa, que gostava de compartilhar seu saber e suas histórias. Sua memória prodigiosa guardava os melhores sambas e era nossa enciclopédia", publicou a cantora.
Em 1999, Marisa convidou toda a Velha Guarda da Portela para gravar o CD Tudo Azul. Quase dez anos depois, em 2008, Lula Buarque de Holanda e Carolina Jabor lançaram o documentário Mistério do Samba, produzido por Marisa Monte, que tem Monarco como um dos principais personagens.
O cantor e compositor Paulinho da Viola também homenageou o sambista.
— Hoje nós perdemos, não só para o povo da Portela, mas para todos aqueles que tem um amor pelo samba e sabem da importância do samba na cultura brasileira, nós perdemos uma das figuras mais importantes dos últimos tempos, que é o Monarco. Eu tive o prazer de conviver com ele e de gravar músicas dele. Eu conheci Monarco em 1964, quando cheguei na Portela e ele já era um sucesso — disse Paulinho da Viola em vídeo.
O governador do Rio, Claudio Castro, também lamentou a morte do artista. "O samba perde uma de suas maiores expressões. Lamento profundamente o falecimento de Mestre Monarco e expresso meus mais profundos sentimentos à família portelense e ao mundo do samba, ao qual ele dedicou seus 88 anos de vida", publicou o político.
A diretoria da Portela citou os versos de Dona Ivone Lara na canção Adeus de um poeta para se despedir do sambista: "Por nós tu não terias ido embora/É doloroso/Todo o samba chora/É triste mas foi mais um bamba, que o mundo do samba perdeu".
A escola de samba Império Serrano também fez uma homenagem a Monarco nas redes sociais. " É com extremo pesar que o Império Serrano recebeu a notícia do falecimento do mestre Monarco, grande baluarte do samba brasileiro e ícone da nossa coirmã @PortelaNoAr"
Outra escola que exaltou a memória do sambista foi a Mangueira. "A Estação Primeira de Mangueira lamenta profundamente a partida de mais um baluarte do samba. Monarco deixará saudades e uma lacuna irreparável. Nossos profundos sentimentos aos seus familiares, amigos e a co-irmã @PortelaNoAr", publicou a escola de samba no twitter.
Monarco deixa a esposa, o filho Mauro Diniz, três netos - Juliana, João Matheus e Thereza Beatriz- e uma legião de fãs e admiradores. O corpo do sambista será velado na quadra da Portella a partir das 11h deste domingo. Já o enterro acontecerá ás 16h no Cemitério de Inhaúma, na zona norte do Rio de Janeiro.