Recorde atrás de recorde, o mundo tem assistido a Coreia do Sul dominar a música, o cinema e agora o streaming. Nesta quarta-feira (13), o drama de jogos mortais Round 6 se tornou a série mais assistida na Netflix, contabilizando visualizações em 111 milhões de lares, segundo a plataforma.
O sucesso da cultura coreana foi semeado nos anos 1990. Com um território de 100.210 km² — 2,8 vezes menor do que o Rio Grande do Sul — o país asiático começou a investir no entretenimento em 1995 como forma de melhorar a imagem do país e projetar a influência coreana mundo afora. A primeira atitude do governo, na época presidido por Kim Young-sam, foi fornecer apoio e subsídios à mídia interna. Além disso, criou cerca de 300 departamentos voltados à indústria cultural em universidades da Coreia.
Em 2021, o orçamento do Ministério do Turismo, Cultura e Esportes da Coreia do Sul foi de 6,8 trilhões de wons — cerca de R$ 31 bilhões. Para se ter ideia, no mesmo ano, o governo brasileiro destinou R$ 2,2 bilhões para essas três áreas, um valor 14 vezes menor do que o Tigre Asiático.
Somado à popularização das redes sociais, principalmente do YouTube, o alto investimento em formatos massificados fez com que a onda coreana (também chamada de "hallyu") rompesse as barreiras da Coreia do Sul e se tornasse global. Em 2021, um valor de mercado da indústria cultural coreana foi de 10,23 trilhões de wons, o equivalente a R$ 47,8 bilhões. A seguir, relembre produções coreanas que chegaram ao mundo todo:
K-pop
Psy
Antecedendo o sucesso global do k-pop, o rapper Psy ganhou o mundo em 2012 com Gangnam Style. Com uma letra chiclete e uma dancinha fácil de reproduzir, o videoclipe da música viralizou e se tornou o primeiro vídeo a alcançar 1 bilhão de visualizações no YouTube.
O hit chegou ao segundo lugar na parada americana Billboard Hot 100. Nos meses seguintes, Psy chegou perto de repetir o feito com Gentleman, que alcançou a quinta posição. Ele também lançou um feat com Snoop Dogg, Hangover, mas não obteve o mesmo sucesso.
BTS
Os últimos dois anos foram de quebra de recordes para o BTS, boyband coreana que conquistou um exército de fãs (o grupo se autodenomina "Army"). Com Dinamyte e Butter, primeiros singles em inglês do grupo, o BTS quebrou uma série de recordes, sendo citado 23 vezes no Guinness Book.
Eles conquistaram, por exemplo, o maior número de espectadores simultâneos (3,9 milhões) em uma estreia da história no YouTube com Butter. O hit também foi o videoclipe mais visto no YouTube nas primeiras 24 horas, com 108,2 milhões de acessos. No Spotify, Butter foi a música mais ouvida na plataforma no dia de estreia, com 11.042.335 streams.
O grupo também tem recebido reconhecimento mundial. No ano passado, o BTS ganhou o título de artista do ano pela revista Time. Em setembro deste ano, o BTS fez um discurso na Assembleia Geral da ONU para incentivar a vacinação contra a covid-19. Foi a terceira vez que o grupo participou do evento.
Blackpink
Outro sucesso entre jovens brasileiros é a girlband Blackpink. Criada pela mesma produtora de Psy, a YG Entertainment, a banda já bateu recordes com as canções Ddu-Du Ddu-Du e How You Like That — que foi o single mais visualizado na estreia no YouTube. Com apenas cinco anos de carreira, o grupo já ganhou um documentário, disponível na Netflix, e soma parcerias com Lady Gaga, Dua Lipa, Cardi B e Selena Gomez.
Cinema
Parasita (2019)
Com uma trama que discute a desigualdade social na Coreia do Sul, Parasita venceu, no ano passado, o disputado Oscar de melhor filme, tornando-se a primeira obra não falada em inglês a ser premiada na categoria.
Parasita recebeu outros três Oscar, de roteiro original, diretor e filme internacional. O filme também recebeu a Palma de Ouro no Festival de Cannes e o troféu de melhor filme estrangeiro no Globo de Ouro e no prêmio da Associação dos Produtores.
Oldboy (2003)
Segundo filme da Trilogia da Vingança, de Park Chan-wook, Oldboy conta a história de um homem que, após uma bebedeira, vê-se subitamente aprisionado em um apartamento durante anos. Libertado, tenta compreender as razões para tal castigo e dar o troco, descobrindo pelo caminho que também é alvo de uma conspiração.
O filme venceu o Grand Prix na edição de 2004 do Festival de Cannes e foi muito elogiado por Quentin Tarantino, que presidiu o júri naquele ano. Uma década depois, o filme sul-coreano ganhou um remake americano dirigido por Spike Lee que, diferentemente do original, acabou não agradando a crítica.
Invasão Zumbi (2016)
Invasão Zumbi é uma das maiores bilheterias na Coreia do Sul, tendo arrecadado quase US$ 100 milhões mundialmente, com 94% de avaliação positiva no Rotten Tomatoes. Dirigido por Yeon Sang-ho, o filme conta a história de um homem que está viajando em um trem-bala com a filha para a cidade de Busan e, no caminho, é surpreendido por um apocalipse zumbi. A produção ganhou uma sequência, Invasão Zumbi 2: Península (2020), mas não agradou o público.
TV e streaming
K-drama
Espécie de novela coreana, o k-drama é, junto do k-pop, o carro-chefe da estratégia de sucesso da cultura coreana mundo afora. Com um roteiro açucarado, as produções misturam romance com referências ao cotidiano na Coreia. Na Netflix, os brasileiros podem assistir a My First First Love (2019), Pousando no Amor (2018), Navillera (2021) e Itaewon Class (2020), por exemplo. Já na plataforma de streaming Viki, estão disponíveis clássicos da TV coreana como Sky Castle (2018) e Goblin (2016).
Round 6 (2021)
Sucesso absoluto, Round 6 acompanha 456 pessoas endividadas que disputam jogos mortais em busca de um prêmio em dinheiro. O elenco reúne grandes atores coreanos, como Lee Jung-jae, que vive o protagonista, e a estreante Jung Ho-yeon, que já era famosa como modelo no país. Após a série estourar, ela se tornou a atriz coreana com mais seguidores no Instagram. A Netflix já está produzindo uma segunda temporada do seriado.