Se os figurinos é que costumam chamar atenção à primeira vista, os delas são impecáveis. Se os fãs esperam performance de dança, elas entregam. Se exigem vozeirão, elas mostram desenvoltura ao vivo. Se a expectativa é por clipes bem produzidos, elas investem milhões nisso. Se a pressão é por novidade, elas acabaram de disponibilizar seu primeiro e elogiado álbum.
Características como essas fazem do grupo Blackpink um dos maiores fenômenos atuais da música pop, alçando quatro jovens garotas oriundas do universo do k-pop (como ficou conhecido o pop produzido na Coreia do Sul) ao posto de divas da nova geração. Atenta a isso, a Netflix produziu o documentário Blackpink: Light Up the Sky, que esmiúça a trajetória de sucesso do quarteto. A produção estreou nesta quarta (14), sob direção de Caroline Suh.
O documentário respeita uma ordem cronológica, começando por 2016, ano em que o Blackpink foi apresentado ao mundo pela gigantesca YG Entertainment. A empresa produz e lança diversos artistas de k-pop — entre eles, Psy, do icônico Gangnam Style —, que geralmente são preparados para isso durante anos. Chamados de trainees, esses jovens dedicam muito tempo de suas vidas se preparando para o estrelato, mas muitos nunca chegam a, de fato, estrear nos palcos.
No filme, as próprias integrantes do Blackpink revelam alguns detalhes sobre as dificuldades enfrentadas nesse período, como os treinamentos de 14 horas diárias, a distância dos familiares, a concorrência entre colegas, a pressão para se destacar etc. Esses bastidores sobre a transformação de meros aspirantes a artistas em grandes fenômenos pop, aliás, conferem um molho interessante ao filme, mesmo não sendo explorados a fundo.
Foi nesse universo de treinees da YG Entertainment que Jennie, Jisoo, Lisa e Rosé acabaram sendo testadas juntas e... deu liga. O documentário parece se esforçar para mostrar que, além da química no palco, as quatro também possuem afinidades de convivência, são amigas. Há vários registros do quarteto longe dos holofotes, brincando, rindo, lembrando do passado, e evidenciando o apoio de uma à outra.
Já nos relatos pessoais, quando o filme faz uma pequena retrospectiva da vida de cada uma delas, é possível ter uma noção maior sobre o universo particular das quatro Blackpink — indo somente até onde a discrição coreana permite.
O documentário registra a potência do Blackpink com uma linha do tempo que começa com a estreia em 2016; e pula para a apresentação histórica no Coachella 2019, como o primeiro grupo de k-pop a integrar o line-up do festival.
Outro parâmetro do sucesso das meninas, mostrado no filme rapidamente, é a parceria musical recente com Lady Gaga. Adentrando um pouco no universo artístico do grupo, o documentário também apresenta Teddy Park, uma espécie de quinto elemento responsável por boa parte das composições e produções em estúdio. Teddy, aliás, é um dos poucos personagens que ganha voz no filme, além das próprias garotas.
Ao contrário do que boa parte dos documentários musicais faz, Light Up the Sky não busca aval para o sucesso de seu objeto principal por meio de depoimentos de terceiros. Acertadamente, o filme coloca as quatro cantoras como protagonistas e conduz sua narrativa por meio das percepções de cada uma. Afinal, são elas que o público quer ver.