A velha solução que foi uma novidade em 2020 tende a esmorecer neste ano: para 2021, os eventos em drive-in tendem a ser ainda mais raros em Porto Alegre. Por um lado, o Drive-in Air Festival tende a usar o formato somente em alguns eventos especiais, enquanto o POA Drive-in Show encerra as atividades.
Logo após a pandemia obrigar as salas exibidoras a suspenderem as atividades, a saída encontrada para alguns empresários foi retomar o velho cinema drive-in. No começo, havia um aspecto nostálgico naquela experiência: matar a saudade de ver um filme na tela grande ou experimentar um programa diferente em tempos de isolamento social. Havia também a curiosidade.
Imediatamente, o formato foi adaptado para shows e demais espetáculos (com buzinas servindo como aplauso). Teve até festas com participantes dentro dos carros. Contudo, as exibições de longas em drive-in escassearam em Porto Alegre, e, agora, os eventos também.
Vale ressaltar que as atrações culturais foram flexibilizadas na Capital: um decreto da prefeitura de Porto Alegre publicado no último sábado (9) permite a retomada dos eventos e espetáculos, liberando o funcionamento de cinemas, teatros, casas de shows e auditórios, mesmo em ambientes fechados.
Pinheiro Neto, sócio da Best Entretenimento e um dos organizadores do POA Drive-in Show, aponta que o foco de sua produtora em 2021 passa a ser outro.
— A vacina está cada vez mais próxima de chegar ao Brasil. Estamos otimistas de que o mercado volte aos poucos à normalidade a partir do segundo semestre. Não temos o propósito de continuar com eventos no formato drive-in. A ideia é retornar a eventos nos moldes tradicionais. Seguir fazendo o de sempre: desenvolver projetos ousados e inovadores no Estado, pois essa é a nossa característica e vamos continuar — relata o empresário.
Para Pinheiro, há dois pontos a se considerar na experiência do público com o drive-in:
— Um ponto positivo é que é uma experiência única. Mas o ponto negativo é que as pessoas que já tiveram essa experiência talvez não tivessem a curiosidade de ir novamente.
A parceria do Grupo Austral, da Arca Entretenimento e da Fraport, que foi responsável pelo projeto Drive-in Air Festival, agora deve focar no Air Stage. Previsto para ser inaugurado na segunda quinzena de março, o espaço irá funcionar no antigo estacionamento do terminal 2 do aeroporto Salgado Filho (Avenida dos Estados, 747), ao ar livre. A ideia é que a arena receba shows, espetáculos, feiras, eventos corporativos, entre outros.
Embora haja um projeto de verão do Grupo Austral para promover atrações no formato em Capão da Canoa ou Atlântida, o drive-in tende a ser utilizado em trabalhos pontuais pela empresa na Capital.
— Com a vacinação, entendemos que o formato de drive-in não vá perdurar. Para operarmos nesse formato, ele terá de ter uma característica de projeto especial. Temos previsões de eventos nesse modelo, mas não vai ser formato contínuo — diz Vinicius Garcia, sócio-diretor do Grupo Austral.
Do cinema para show
Após começar com o modelo mais tradicional de drive-in, exibindo filmes, o Drive-in Air Festival logo passou a receber shows de renome nacional — como Vitão e Armandinho —, abrindo-se para outros espetáculos e eventos corporativos em seu espaço no aeroporto Salgado Filho.
— Nós entendíamos inicialmente que o grande público de drive-in seria de cinema. Como tivemos também outros conteúdos, tivemos tempo para perceber o que o público ia curtir mais nos drive-ins, e não era cinema. O que o público mais gostou e aderiu foram aos shows. Os shows foram a grande cereja do bolo na maioria das operações de drive-in — explica Garcia.
Para Pinheiro Neto, o cinema ainda tem mais possibilidades de ser aproveitado no formato.
— O show é muito bacana, as pessoas vão e assistem, mas não tem aquela interação direta com o público, o olho no olho. Tanto o público quanto os artistas têm essa necessidade. Acredito que o cinema ainda seria a melhor opção no formato drive-in — pondera.
Garcia avalia que a experiência com o Drive-in Air Festival foi positiva em 2020:
— Foi um processo que nos ajudou a vencer essa dor que está sendo muito forte e essa restrição aguda ao setor de eventos. Tivemos um incremento na nossa base de faturamento para enfrentar a pandemia. Nosso saldo foi muito positivo nesse formato.
Já Pinheiro Neto classifica a experiência como "única" e "muito positiva":
— Fomentamos o mercado artístico, proporcionando oportunidade de trabalho para centenas de pessoas. Arrecadamos e distribuímos 5 toneladas de alimentos. Parte da receita da venda de ingresso a gente revertia para a compra de cestas básicas que entregamos para a Assmurs (Associação dos Músicos do Rio Grande do Sul). Nós conseguíamos beneficiar desta maneira centenas de músicos neste momento difícil.