Publicado na noite de sábado, o novo decreto da prefeitura de Porto Alegre que permite a retomada dos eventos e espetáculos na Capital foi comemorado pelo setor. O documento liberou o funcionamento de cinemas, teatros, casas de shows e auditórios, mesmo em ambientes fechados, com limite de até 2,5 mil pessoas.
A partir da assinatura do acordo de cogestão com o governo do Estado do sistema de distanciamento controlado, o prefeito Sebastião Melo adotou protocolos de bandeira laranja na cidade, mesmo com os indicadores sanitários apontando bandeira vermelha e alto risco de contaminação pelo coronavírus. Segundo Rodrigo Machado, sócio-diretor da Opinião Produtora - empresa que administra a agenda do Bar Opinião, do auditório Araújo Vianna e do Pepsi On Stage -, o novo decreto é fruto de uma construção coletiva.
Integrante do grupo Live Marketing, coletivo que reuniu 340 empresas de eventos na organização de protocolos seguros, Machado afirma que desde o final de novembro vinha conversando com membros do governo sobre forma de permitir a retomada setor sem riscos de aumento das contaminações.
– A gente não precisa de conflito político, precisa de solução política. Acho que estamos alcançando. O novo decreto não é um liberou geral. A prefeitura obriga protocolos rigorosos e nós vamos ser nossos próprios fiscais, porque se não der certo vai fechar tudo de novo – argumenta.
O empresário afirma que, por enquanto, não está prevendo a realização de espetáculos. Embora já haja liberação, antes ele planeja investir numa campanha de conscientização do público. Mesmo assim, pretende nos próximos dias reapresentar os pedidos de reabertura do Araújo Vianna e do Pepsi On Stage, que ficarão disponíveis para locações. O Bar Opinião, por comportar somente cem pessoas observando as regras de distanciamento, ainda não voltará a funcionar.
– Estamos na baixa temporada de shows e espetáculos em Porto Alegre. Então nossa ideia é retomar a agenda em março, com o Paulinho da Viola no Araújo Vianna. Vamos começar agora a traçar a estratégia de comunicação para esse retorno. Não basta apenas garantir segurança biológica, é preciso também que o público tenha segurança psicológica, que ele saiba que é seguro ir num show desde que se tenha distanciamento, máscara e álcool em gel – afirma.
Lançamentos
Machado salienta que o sistema de venda de ingressos permite um controle total sobre o público, com informações de endereço e telefone para rastreamento caso haja alguma contaminação. Ao final de cada evento, o empresário pretende enviar um relatório completo às autoridades sanitárias.
Presidente da Federação Nacional dos Exibidores Cinematográficos e sócio da rede GNC Cinemas, Ricardo Difini Leite celebrou os termos no novo decreto municipal. Com uma queda de 75% no movimento nos cinemas em relação a 2019, o setor tem consciência de que a recuperação ainda vai demorar. A expectativa é encerrar 2021 com uma queda de 30% ante 2019. A esperança de retomada reside no lançamentos de novos filmes, grande parte deles represada pelos estúdios no ano passado.
– Ficamos bastante aliviados. Desde o início da pandemia nós entendíamos que os cinemas poderiam continuar funcionando. Agora é esperar uma retomada gradual do movimento, com o compromisso de sermos rigorosos nos protocolos para que prevaleça a segurança – afirma Leite.
No Theatro São Pedro, uma reunião nos próximos dias vai discutir a possibilidade de retomada das atividades culturais. Em novembro, chegou a ser organizada uma agenda de quatro semanas de apresentações, mas o recrudescimento da pandemia acabou inviabilizando o planejamento. Agora, a direção quer garimpar espetáculos e saber se há disposição do público em ocupar as poltronas ou assistir pela internet.
– Não adianta liberar se não tivermos espetáculos com patrocínio, que já sejam autossuficientes, algo que seja mais barato. Precisamos saber também se haverá público. Chegamos a fazer uma licitação para contratar uma empresa especializada em ticketagem eletrônica, mas nem deu tempo de estrear. Nosso desafio agora é montar uma agenda capaz de atrair os mais idosos e os mais jovens e descobrir se eles querem assistir presencialmente ou pela internet – comenta o presidente da Fundação Theatro São Pedro, Antonio Hohlfeldt.