A cerimônia do Globo de Ouro encerrou no início da madrugada desta segunda-feira (6). Considerado pela crítica internacional como um dos favoritos ao Oscar 2020, 1917, com direção de Sam Mendes (Beleza Americana) levou o prêmio de melhor filme de drama e de direção. Era uma Vez em... Hollywood, de Quentin Tarantino, emplacou três das cinco categorias que disputou, entre elas de melhor filme de comédia. Nos prêmios voltados à televisão, os destaques foram Fleabag, considerado melhor série de comédia, e Chernobyl, melhor na categoria minissérie. Joaquin Phoenix confirmou o favoritismo e foi escolhido melhor ator em filme de drama, com Coringa.
Comandando a cerimônia pela quinta vez, o comediante Ricky Gervais abriu a premiação fazendo piada com ele mesmo. Garantiu que essa foi a última edição em que apresentou o Globo de Ouro.
— Todo mundo vai morrer em breve e não vamos estar em uma continuação — emendou, sarcasticamente.
O britânico de língua afiada também comentou o fato de a Netflix ter conquistado 17 indicações de filmes nesta edição, sendo três de drama, tradicionalmente considerada a principal categoria.
— Esse programa deveria ser eu, dizendo: parabéns, Netflix. Você já ganhou tudo.
A premiação teve início com duas categorias voltadas à televisão, que tiveram em comum vencedores que não eram favoritos para levar a estatueta. O primeiro premiado da noite foi Ramy Youssef, em sua primeira indicação ao Globo de Ouro. Ele foi escolhido como melhor ator em série de comédia ou musical, pela produção Ramy, em que interpreta o filho de imigrantes egípcios em uma jornada espiritual em Nova Jersey.
— A minha mãe, aliás, estava torcendo pelo Michael Douglas (indicado na mesma categoria por O Método Kominsky). Os egípcios amam ele — brincou.
Na sequência, Russel Crowe levou o prêmio como melhor ator em minissérie ou filme para a televisão, por The Loudest Voice. Ele não pôde comparecer à premiação por estar na Austrália, onde a propriedade da família foi atingida por incêndios florestais.
Em sua primeira indicação ao Globo de Ouro, Stellan Skarsgård foi premiado como melhor ator coadjuvante para produção de televisão, por Chernobyl, da HBO. Quarta premiada da noite, Succession, da mesma emissora, levou a estatueta de melhor série de drama.
Com a vitória esperada, Phoebe Waller-Bridge foi a primeira mulher da noite a ser premiada. Ela foi escolhida a melhor atriz em série de comédia, por Fleabag.
Considerada uma das principais produções cinematográficas do ano, Parasita levou a primeira premiação de filmes da noite, na categoria que destacou as obras em língua estrangeira.
— Quando superarmos a barreira de legendas, vocês vão conhecer muitos outros filmes incríveis. Nós falamos uma única língua: o cinema — afirmou o diretor sul-coreano Bong Joon Ho, com auxílio de uma tradutora, logo após receber a estatueta.
Melhor roteiro para Tarantino
Na segunda estátua da noite levada pela série Succession, Brian Cox recebeu o mérito por melhor ator em série de drama. Na mesma categoria concorria Rami Malek, por Mr. Robot, que no ano passado levou o troféu de melhor ator em filme de drama no Globo de Ouro e também o Oscar.
Na categoria melhor roteiro de filme o vencedor foi Quentin Tarantino, por Era uma Vez em... Hollywood.
— Eu tive um elenco muito bom. Realmente fantástico, que levou às falas da páginas e acrescentou uma camada ao que tinha lá — afirmou Tarantino, que recebeu o troféu das mãos de Margot Robbie.
O único prêmio para História de um Casamento, que teve seis indicações ao todo, foi para Laura Dern, como melhor atriz coadjuvante de filme. Produção da Amazon, Fleabag levou a estatueta de melhor série de comédia.
Favorito da noite, (I'm Gonna) Love Me Again, de Rocketman, levou a estatueta de melhor canção original. A canção foi composta por Elton John e Bernie Taupin, especialmente para a produção.
—Foi um dos momentos mais emocionantes da minha vida — comemorou Elton John, que ainda destacou o fato desse ser o primeiro prêmio que recebe com Bernie, apesar de serem parceiros de composição há mais de 50 anos.
Patricia Arquette levou o prêmio de melhor atriz coadjuvante em série por The Act, desbancando as favoritas Meryl Streep, em Big Little Lies, e Helena Bonham Carter, por The Crown.
Na sequência, Olivia Colman levou a estatueta de melhor atriz em série de drama por The Crown. No ano passado, ela foi premiada por A Favorita.
Premiados do cinema
Gervais não deixou de fora a crítica pelo fato de nenhuma mulher ter sido indicada para a categoria de direção. Logo após, Sam Mendes, diretor de 1917, que usou uma técnica que dá a sensação de que todo o filme tem plano sequência, foi anunciado como vencedor. Ele enfrentou como concorrentes Tarantino, Martin Scorsese, Bong Joon-ho e Todd Phillips.
— Não há nenhum diretor aqui que não se inspire em Scorsese —afirmou Mendes, que agradeceu o apoio da família e finalizou o discurso pedindo que um conflito como a Primeira Guerra Mundial, retratada na obra, nunca mais se repita.
Premiada como melhor atriz em minissérie ou filme para televisão por Fosse/Verdon, Michelle Williams apresentou um discurso feminista forte e pediu às mulheres que pensem em suas prioridades nas próximas eleições.
— Mulheres, quando chegar a hora de votar, façam isso em seu próprio interesse. É isso que os homens tem feito há muitos anos. Nós somos o grupo com mais votantes nesse país — disse.
Considerada uma das melhores produções de 2019, a favoritíssima Chernobyl, da HBO, fenômeno de audiência, levou o prêmio de minissérie ou filme para televisão. A série conquistou a última estatueta da noite para os premiados da televisão.
A primeira estatueta da noite para Coringa foi um reconhecimento à melhor trilha original, com Hildur Guðnadóttir. Logo após, numa categoria mais que disputada, Brad Pitt foi premiado como melhor ator coadjuvante em filmes por Era uma Vez em... Hollywood.
—É uma honra. Todo meu respeito vai para vocês — disse Pitt, referindo-se aos outros indicados (Tom Hanks, Um Lindo Dia na Vizinhança, Anthony Hopkins, Dois Papas, Al Pacino e Joe Pesci, ambos de O Irlandês).
Taron Egerton, em sua primeira indicação ao Globo de Ouro, foi escolhido melhor ator em filme musical ou comédia, por Rocketman.
— Esse papel mudou a minha vida — resumiu.
Considerada favorita, Awkwafina foi a premiada como melhor atriz em filme musical ou comédia, por The Farewell. No terceiro prêmio recebido na noite, Era uma Vez em... Hollywood levou a estatueta de melhor filme na categoria comédia ou musical. O longa também foi premiado nas categorias de melhor roteiro e ator coadjuvante em filme.
Favorito da noite, em uma das interpretações memoráveis do cinema, Joaquin Phoenix levou o prêmio de melhor ator em filme de drama por Coringa. Concorriam na mesma categoria Christian Bale, Antonio Banderas, Adam Driver e Jonathan Pryce.
— Aos meus colegas indicados, todo nós sabemos que não tem como concorrer aqui. Não é uma competição. Tudo isso é para vender propaganda. Eu me inspiro com vocês. Eu nem acredito na beleza, no trabalho que vocês tiveram esse ano. Eu realmente sinto que é uma honra estar ao lado de vocês — disse o ator que emagreceu 23 quilos para o conturbado personagem.
Renée Zellweger recebeu prêmio de melhor atriz em filme de drama por Judy - Muito Além do Arco-Íris. Ela voltou ao circuito de premiações após quase 15 anos. Concorria na mesma categoria Scarlett Johansson, apontada como uma das favoritas por História de um Casamento.
A última estatueta da noite foi entregue ao melhor filme de drama. Das mãos de Sandra Bullock, Sam Mendes recebeu a estatueta por 1917. O filme desbancou favoritos como O Irlandês, História de um Casamento e Coringa.
— É difícil fazer um filme sem grandes estrelas. (...) Quero agradecer a todos. Muito obrigado — comemorou o diretor.