[[ALERTA DE SPOILER]]
Em Los Angeles, ZH assistiu aos dois primeiros episódios da segunda temporada de Fear The Walking Dead e teve acesso a informações de como se desenvolverá a história dos personagens. Se você não quer spoilers, pare de ler por aqui.*
Em Fear The Walking Dead, Cliff Curtis interpreta Travis, um professor que se vê em meio ao caos zumbi e precisa tomar decisões difíceis para proteger sua família. Em Los Angeles, o ator conversou com ZH sobre os desafios do personagem.
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Quão diferente será seu personagem na segunda temporada?
Acho que Travis, até agora, permanece mais ou menos a mesma pessoa por fora. Mas, tendo de matar Liza, uma das coisas sobre a série é que começamos a criar distinções quanto ao ato de matar: há boas matanças e más matanças. De certo modo, ele é confrontado quanto aos próprios valores e acha aceitável fazer isso. Algo dentro dele foi certamente despedaçado. Acho que isso será algo explorado na segunda temporada.
Travis está cruzando linhas, ultrapassando barreiras. Como você vê isso?
Ele está despedaçado agora. Acho que Travis, no mundo normal, é um cara muito legal. Mas essa gentileza, esse idealismo, esse otimismo são uma fraqueza durante o apocalipse. Travis é mais humano. É a engrenagem na máquina que acaba sofrendo, ficando para trás. Mas todo mundo tem um lado obscuro. No último episódio da primeira temporada, Travis praticamente mata um soldado. Sim, essa é uma observação importante. Como todos nós, Travis tem uma imagem de quem acha que é, dizendo "eu nunca faria isso". É um momento no qual Travis está fora do seu caráter, acho que nem ele sabe o que foi aquilo. Há uma parte inconsciente do ser humano que pode fazer coisas de que não sabemos ser capazes.
Ninguém achava que Travis mataria Liza no fim da primeira temporada. Isso significa que o personagem vai evoluir?
Eles (os produtores) não têm me dito nada (risos). Nós estamos já na metade da temporada, e não vi muita evolução, para ser honesto. Ele continua sendo o personagem mais humano. O foco singular dele é realmente o próprio filho, e ele tenta manter a fachada de ser um bom pai e um bom exemplo para seu filho.
Travis ainda estará disposto a ajudar os outros ou não? É possível comparar ele com Rick Grimes, de The Walking Dead?
O primeiro problema entre Travis e Madison realmente surge no episódio de estreia da segunda temporada, pois Madison quer salvar essas pessoas, e Travis não quer. Fiquei chocado quando li isso. E, na primeira temporada, era o oposto. Mas quando ele decide não ajudar quando poderia, mesmo que suas justificativas sejam lógicas e racionais, suas decisões são baseadas no quê? É baseado em medo. Acho que isso é fatal para Travis. Em termos do conflito entre Madison e Travis, isso não é legal. Mas é compreensível, é bem humano, e acho que, comparando com Rick Grimes, Travis é o menos provável de se tornar Rick. Não acho que ele seja aquele tipo de cara, ele é apenas um professor! Acredito que Madison é uma candidata muito melhor para Rick.
O que você poderia dizer sobre o desafio de estar no barco?
Há várias coisas interessantes. Em primeiro lugar, tematicamente, eu acho fascinante termos um barco cheio de norte-americanos que agora são refugiados, que estão sem teto. Eles estão no oceano e procuram um lugar seguro. Nova Zelândia? (risos). Eu tentei. Brasil? Canadá? Atlanta? O Havaí é uma boa opção. Também estamos todos no barco, e o barco é de Strand. E quem é que sabe qualquer coisa sobre Strand?
O que você acha mais difícil: viverem todos juntos no barco ou sobreviver aos zumbis?
No momento, viver no barco é temporariamente mais seguro. A primeira temporada foi mais lenta, quando o mundo ainda estava relativamente seguro. Mas, agora, o apocalipse está acontecendo a todo vapor: o mundo entrou em colapso, e não temos tempo de sentar e pensar sobre o que está acontecendo. É uma coisa atrás da outra. Nossa família, que já se encontra frágil, está desmoronando no barco.
Quanto à conexão com The Walking Dead, acha que é uma vantagem ou que põe muita pressão na série?
Acho que nos pressionou enormemente na primeira temporada, mas também conseguimos todas as vantagens (risos). Tivemos uma marca e uma audiência leal que assistiria a 60 episódios de ritmo lento com esperança de que valesse a pena. Também descobrimos uma nova audiência que nem sequer tinha assistido à outra série. Acho que não vamos mais ser tão comparados com TWD, seremos respeitados por nosso próprio mérito.
Fear The Walking Dead
Estreia da segunda temporada neste domingo, às 22h.
AMC (disponível somente na Sky).
* A jornalista viajou a convite do AMC