Enquanto milhares estarão se descabelando pelo simples fato de poder ver os Rolling Stones ao vivo, um gaúcho de 37 anos – nem tão apaixonado assim pelos ingleses – vai realizar o sonho de dez entre dez fãs da banda: subir no palco com Mick Jagger, Keith Richards, Ron Wood e Charlie Watts. O sortudo é Marcio Buzatto, maestro do Coral da PUCRS, que irá acompanhar os Stones durante a execução de You Can't Always Get What You Want.
– É inimaginável – resume Buzatto, que comanda o coral há cinco anos – Vamos estar no palco com os Rolling Stones e não vamos poder dar muita bola, temos que fazer nosso trabalho. É algo totalmente diferenciado, que nos coloca em outro patamar, nos dá repercussão mundial.
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O convite dos Rolling Stones ao coral, no entanto, não é uma exclusividade de Porto Alegre: desde o início da turnê, grupos vocais de cada uma das cidade pelas quais os ingleses passam são convidados para fazer o coro da mesma música. Na capital gaúcha, o Coral da PUCRS foi convidado após um contato breve com a equipe responsável pela produção dos shows, que solicitou vídeos e fotos antes de bater o martelo. Por uma questão de organização de palco, apenas 24 dos 40 membros do coral estarão no palco, divididos em dois grupos.
Desde o primeiro contato, Buzatto mantém conversa com a produção do grupo, que se divide em três países: Brasil, Inglaterra e Estados Unidos. Normalmente, as mensagens são mais de atualização do que de cobrança ou algo do tipo.
– Nossos ensaios foram muito bons, o grupo estaria preparado para subir hoje no palco e desempenhar muito bem. O único reparo que a produção da banda fez foi algo curioso: estávamos cantando a palavra "can't" com um sotaque norte-americano, e eles pediram para cantarmos com a pronúncia inglesa – conta o maestro.
Desde que ficou sabendo do convite, em dezembro, o maestro tem que lidar com duas tarefas igualmente complicadas: a primeira é destrinchar nos mínimos detalhes a música que será executada. O segundo é lidar com a ansiedade dos 24 cantores que irão participar do maior momento da história do Coral da PUCRS – tudo isso tendo que controlar seu próprio nervosismo:
– É a minha vida. Como profissional, tenho que me acalmar e fazer meu trabalho. Estarei lá representando a empresa que paga o meu salário.
Nesse sentido, a preparadora vocal Cinthia de los Santos atua quase como uma psicóloga. Buzatto conta que é ela que conversa mais com o grupo – formado, em sua totalidade, por cantores amadores. É indiscutível que este é o maior momento da história do coral, que completa 60 anos em 2016. Até por isso, o maestro gosta de pensar no show como uma comemoração. O presente, além da chance de subir ao palco com uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, pode vir em formato de foto:
– Vamos ver se a gente consegue pelo menos chegar perto deles e cumprimentá-los.