A prisão de Sean "Diddy" Combs despertou curiosidade nos internautas quanto a outros possíveis crimes que o empresário possa ter cometido. Protagonista de especulações relacionadas ao assassinato de Tupac Shakur, o magnata da música também levanta suspeitas sobre um possível envolvimento na morte de The Notorious B.I.G. — pupilo dele e principal rival de Tupac.
Embora nunca tenha sido formalmente acusado por nenhum dos crimes citados acima, Diddy tem sido alvo de alegações persistentes de envolvimento nos assassinatos dos rappers. Coincidentemente, ambos foram vítimas de atentados fatais, com somente seis meses de diferença entre um episódio e outro.
Detido em 16 de setembro, Diddy aguarda julgamento em uma prisão de Nova York. Acusado de conspirações para extorsão, tráfico sexual e transporte com fins de prostituição, ele se declara inocente. A próxima audiência do caso está marcada para ocorrer nesta quarta-feira (9).
Tupac X Biggie
Bons amigos ainda no início da década de 1990, quando ainda eram considerados promessas do rap, Tupac e The Notorious B.I.G. (nome artístico de Christopher Wallace) se tornaram grandes rivais na disputa entre as gravadoras Bad Boy Records, de Diddy, e Death Row Records, de Suge Knight.
Biggie (um dos apelidos de Wallace) tinha a carreira gerenciada por Diddy, enquanto Tupac estava sob domínio de Knight. Alimentada por boatos, egos inflados e incidentes violentos, a intensa relação entre os artistas culminou na morte de ambos.
Casos semelhantes
Somente seis meses após a morte de Tupac — baleado durante um tiroteio em setembro de 1996, quando tinha 25 anos — Biggie também foi morto a tiros, na saída de uma festa em Los Angeles, aos 24 anos.
Na época, os eventos trágicos geraram uma onda de suspeitas e muitos apontaram Diddy como responsável indireto pelos assassinatos em razão da acirrada disputa entre as gravadoras.
Segundo noticiado pela Forbes, no dia do crime, Diddy estaria presente na mesma festa que o pupilo e teria deixado o local em um veículo diferente.
Biggie teve a carreira gerenciada pelo colega de 1993 até a sua morte, que ocorreu em março de 1997. Não solucionados, ambos os casos, ao que tudo indica, estariam diretamente ligados à rivalidade entre as gangues da costa leste e da costa oeste dos Estados Unidos — antagonismo dominante no cenário do rap dos anos 1990.
B.I.G. e Bad Boy Records
Conforme reportagem da revista Rolling Stone, fontes alegaram que Biggie estaria preparando-se para deixar a gravadora pouco tempo antes de sua morte. Além disso, ele tentava recuperar os direitos de publicação de suas músicas em uma batalha judicial contra Diddy.
— (Biggie) estava prestes a deixar Puff — disse Monique Bunn, fotógrafa próxima do rapper e de outros artistas da gravadora. — Eu sei com certeza (porque) ele me disse isso.
LaJoyce Brookshire, ex-editora de publicidade da Bad Boy Records, relatou que estava ao lado de Biggie durante eventos para a imprensa um dia antes da morte do artista. Segundo ela, Diddy teria negado o pedido de folga para processar o luto após a morte do rapper e, apenas duas semanas após o assassinato, ele teria ordenado que ela concentrasse todos os esforços no próximo álbum de Wallace, Life After Death.
Exploração da morte de B.I.G.
Alguns meses após o assassinato do rapper, a revista Rolling Stone teria entrado em contato com a Bad Boy Records propondo à gravadora uma oportunidade de capa. Kirk Burrowes, co-fundador e ex-presidente da companhia, alega ter sugerido que a capa fosse em homenagem a Biggie. Contudo, Diddy teria se oposto à ideia.
— Eu estava dizendo a Sean: "Vamos colocar o Biggie. Você ainda tem uma chance de uma capa no futuro" — relembrou. — Ele ficou tipo: "Não, ele está morto. Estou lançando (o álbum de estreia dele, No Way Out) em julho. Eu preciso estar na capa da Rolling Stone".
Na época, Diddy garantiu a capa. Poucos anos depois, ele reconheceu o impacto da morte do rapper para os negócios. Segundo contou à Rolling Stone em 1999, pelo menos 2 milhões (das quase 5 milhões de cópias de No Way Out) foram vendidas após a morte de Wallace.
Comentário de Suge Knight
Em novembro de 2023, o chefe da Death Row Records, Suge Knight, afirmou que o comportamento de Diddy no período "foi desagradável".
— Quando Pac partiu, não peguei o microfone — comentou durante um episódio do seu Podcast Collect Call with Suge Knight. — Eu fiquei arrasado.
Atualmente, Kight cumpre uma pena de 28 anos de prisão por homicídio culposo. Ele foi sentenciado em 2015, por atropelamento, seguido de fuga.
Manifestações de outros artistas
Em 2006, 50 Cent alegou em sua música The Bomb que Diddy teria matado o pupilo. Na letra, o rapper insinua que o empresário teria continuado a lucrar com o nome de Biggie por meio de lançamentos póstumos.
Eminem, por sua vez, fez referências à Diddy em músicas de seu mais recente álbum, The Death of Slim Shady (2024). Na faixa Fuel, o rapper parece fazer alusão às várias ações civis movidas contra o magnata da música.
"I'm like a R-A-P-E-R/ Got so many S-A's/ Wait, he didn't just spell the word, "Rapper" and leave out a P, did he? (yep)/ R.I.P, rest in peace, Biggie/ And Pac, both of yall should be living", canta Eminem, mencionando Biggie e Tupac.
Em tradução livre: "Sou como um estuprador/ Tenho um monte de BO's/ Espera, ele soletrou mesmo rapper só que sem um P? (Aham)/ Descanse em paz, Biggie/ E Pac, vocês dois deveriam estar vivos". Ele também citou a letra P, usada em um dos nomes artísticos de Sean Combs, P. Diddy.