Na noite de sábado (31), Zeca Pagodinho subiu ao palco do Auditório Araújo Vianna vestindo uma boina gaudéria. Durante aproximadamente uma hora e meia de show, foi o maestro de uma roda de samba que celebra e festeja seus 40 anos de carreira. Afinal, essa trajetória não é para qualquer um. Ainda há ingressos para a sessão extra que ocorre neste domingo (1º), às 20h, com realização da Opus Entretenimento.
A noite começa com o clássico Camarão que Dorme a Onda Leva, seu primeiro sucesso, composto em parceria com Arlindo Cruz e Beto sem Braço. Regendo sua banda como quem conhece cada estrofe do espetáculo e para um público que entoa todos os refrões, o sambista lidera completamente o palco. Mas também, se ele não souber uma letra ou outra, ninguém vai reparar. Zeca Pagodinho é um homem que não anda só.
O show contempla sucessos de toda a sua trajetória, incluindo clássicos de seu primeiro álbum, como Judia de Mim e Brincadeira tem Hora, até a música que dá nome ao seu último lançamento, Mais Feliz, lançado em 2019. Mesclando hits mais “sambantes” com clássicas baladas de amor como Lama nas Ruas, famosa pelo dueto com a madrinha Beth Carvalho, e Saudade Louca, Zeca não precisa pedir que o público levante na hora dos refrões. Suas músicas fazem isso por ele.
As canções, inclusive, são democráticas: servem tanto para os solteiros quanto para os casais. Porém, após uma de suas mais apaixonadas, Seu Balancê, é que é possível afirmar: Zeca é do time dos românticos emocionados.
O sincretismo que une o catolicismo e as religiões de matriz afro-brasileira estão presentes do início ao fim do espetáculo.
Assim como reflexão provocada com a morte recente da cantora Diana, sobre como os cantores do brega da década de 1970 cantavam Pare de Tomar a Pílula, Zeca Pagodinho faz perguntar: quem, em 2024, canta “Vou tocar teu nome na macumba, vou contratar uma feiticeira, fazer uma kizumba pra te derrubar”? É uma espécie de liberdade poética que apenas os sambistas mais tradicionais possuem.
A imagem de São Jorge reluz no alto do palco durante a sequência de Minha Fé, Patota de São Cosme e a arrepiante Ogum, canção que, ao vivo, se transforma em uma oração que não necessita ser cantada, apenas sentida.
O show vai chegando ao final. Para reverenciar sua escola de samba, a Portela, Zeca transporta os espectadores para um Carnaval com o hit que embala tantos foliões apaixonados em fevereiro: Coração em Desalinho. A oração final do espetáculo fica por conta de seu maior sucesso, Deixa a Vida Me Levar, que faz o público sair de suas cadeiras e invadir os corredores do Araújo Vianna.
Após uma saída dramática do palco e o retorno após um “mais um! mais um! mais um!”, Zeca volta para um pout-pourri de Vou Botar Teu Nome na Macumba, Casal Sem Vergonha e O Bagaço da Laranja, quando coloca novamente a boina na cabeça e se despede do público. Zeca, que organizou uma live com grandes nomes do samba para arrecadar fundos para as vítimas da enchente no Rio Grande do Sul, faz uma pequena homenagem aos gaúchos.
Afinal, são 40 anos de carreira em que Zeca continua deixando a vida lhe levar.
Serviço
“Zeca Pagodinho 40 anos”
Data: neste domingo (1º)
Hora do show: 20h
Local: Auditório Araújo Vianna
Classificação: 18 anos (menores apenas acompanhados dos pais ou responsável legal)
Ingressos a partir de R$ 150 em uhuu.com