É uma combinação vencedora: uma das maiores bandas de rock do Brasil na maior festa do Sul do país. Após 13 anos, Os Paralamas do Sucesso voltam a ser atração no Planeta Atlântida. Herbert Vianna (guitarra e vocal), Bi Ribeiro (baixo) e João Barone (bateria) subirão ao Palco Planeta no sábado (3), a partir das 20h.
A atribuição dos Paralamas ao rol das maiores bandas brasileiras não é exagero: são quatro décadas acumulando hits, ao mesmo tempo que desenvolvia um pop rock requintado — assimilando reggae, ska e dub, mas também explorando ritmos regionais brasileiros.
De fato, é uma das bandas mais criativas e longevas da geração oitentista. Contando com o romantismo confessional nas letras de Herbert e o instrumental coeso e encorpado, o grupo experimentou o sucesso para além das fronteiras brasileiras — em especial, na Argentina.
A banda deve levar à Saba, em Atlântida, uma amostra do que tem apresentado na turnê Paralamas Clássicos, em que repassa hits da carreira. Então, é noite para os fãs cantarem Meu Erro, Alagados, Óculos, Aonde Quer que Eu Vá, Ela Disse Adeus e Uma Brasileira. Segundo Bi, o grupo deve condensar as faixas mais importantes de sua trajetória na apresentação.
O baixista ressalta que a banda está acostumada a lidar com plateias de diferentes faixas etárias. Em um show do Paralamas, como ele frisa, há jovens que vão com seus pais e avós. O maior desafio para o grupo, em um festival, é tocar para um público diferente.
— Imagino que muita gente que estará no Planeta nunca tenha visto um show dos Paralamas — projeta Bi. — É um desafio que é instigante, e a gente gosta. Chegar ali para convencer as pessoas. Mostrar nossas armas, porque fomos convocados para estar num festival desse tamanho.
E a banda costuma se sobressair nesse cenário. Um exemplo foi a apresentação dos Paralamas no Lollapalooza 2023, em São Paulo. Durante o show, Herbert até brincava que o grupo estava tocando músicas do tempo em que o público nem era nascido. Contudo, a performance animou e conquistou a plateia, e a crítica do centro do país destacou que a banda “quebrou barreiras geracionais”.
Em relação ao Planeta, os Paralamas têm uma relação antiga: a banda integrou o line-up da primeira edição do festival, em 1996. O grupo também protagonizou um dos momentos mais marcantes do evento, em 2003, quando Herbert fez sua primeira apresentação no Estado dois anos após sofrer o acidente de ultraleve — que resultou na morte de sua mulher, Lucy. O trio saiu aplaudido fervorosamente pelo público.
— Estávamos sentindo falta do Planeta — atesta o baixista, que subiu ao palco do evento pela última vez em 2011. — Me lembro que o público é muito generoso com a gente. Sempre saímos muito bem no festival, com vontade de voltar. Acho que vai ser um reencontro muito feliz — acrescenta.
Próximos passos
Em 2024, o disco O Passo do Lui completa 40 anos. Inteiramente composto por hits — Meu Erro, Óculos, Ska, Romance Ideal, entre outros —, o segundo álbum da banda projetou o grupo para todo o Brasil, culminando como base da apresentação histórica dos Paralamas no primeiro Rock in Rio, em 1985.
Foi com a turnê desse álbum que a banda encheu duas sessões no Gigantinho, em Porto Alegre, tamanha coqueluche daquele período. Segundo Bi, há planos para realizar algumas apresentações tocando O Passo do Lui na íntegra — algo que o grupo fez quando o disco Selvagem? (1986) completou 25 anos.
— Foi um divisor de águas, pois fomos daqui para o mundo graças a esse disco. A gente conheceu o Brasil através desse disco — sublinha o baixista.
Além disso, a turnê Clássicos deve ser encerrada em abril, com uma apresentação em São Paulo que será gravada para ser lançada posteriormente — só não se sabe ainda qual será o formato. Em setembro, o grupo volta a se apresentar no Rock in Rio, na edição comemorativa dos 40 anos de festival. Ao mesmo tempo, começará a se reunir este ano para elaborar novas composições.
Sobre estar há quatro décadas na mesma banda, Bi define como uma aventura:
— Fomos sempre vivendo o próximo show, o próximo mês, o próximo projeto. Quando vimos, 30 anos haviam se passado. Em seguida, 40. E sempre no mesmo pique, temos mó tesão de tocar junto e viajar, de conquistar públicos que nunca nos ouviram. A mesma vontade que tínhamos quando éramos novinhos. Tem sido muito fácil essa aventura de tocar com esses caras por aí.