Um dos festivais mais longevos e representativos da música regional gaúcha chega a sua 45ª edição. Acumulando mais de 50 anos de história, a Califórnia da Canção Nativa do Rio Grande do Sul tem início nesta quarta-feira (6), em Uruguaiana, na Fronteira Oeste. O evento será realizado até sábado (9) no Parque Dom Pedro II (Parcão), sempre às 20h, com entrada franca.
Neste ano, o tema do festival é "Três Pátrias, Um Só Canto". A ideia é celebrar as afinidades culturais entre Argentina, Uruguai e Rio Grande do Sul. Conforme Maxsoel Bastos, membro da comissão de realização da Califórnia da Canção Nativa, o evento não está considerando o Estado como um país, mas sim a fusão da linguagem gaúcha com a dos países vizinhos, especialmente o pampa.
— Estamos homenageando essa simetria cultural que existe entre Rio Grande do Sul, Argentina e Uruguai — explica.
Em cada dia de evento haverá apresentações de mulheres de cada pátria celebrada. Nesta quarta, a doble chapa (descendente de uruguaios) Nicole Carrion, de Santana do Livramento, fará o show de abertura. Na quinta (7) será a vez da argentina Gicela Mendez Ribeiro se apresentar no intervalo. Maria Luiza Benitez — neta de argentinos e filha de uruguaios, nascida em Bagé — será atração na sexta (8). Por fim, a uruguaia Catherine Vergnes sobe ao palco no sábado.
Mas as homenagens não ficarão restritas às pátrias. O cantor e compositor Érlon Péricles irá prestar uma homenagem a seu tio, Luiz Carlos Borges (1953-2023) nesta quinta. No sábado, haverá a solenidade de inauguração da estátua do músico gaúcho César Passarinho (1949-1998), cantor-símbolo do evento, que ocupará o Parcão.
Vencedor de quatro Calhandras de Ouro e sete prêmios de melhor intérprete, ele até hoje é lembrado por sua interpretação de Guri, na 13ª edição da Califórnia, em 1983, composta por João Batista Machado e Júlio Machado da Silva Neto. Aliás, a canção também será celebrada em apresentação do Grupo Parceria.
— Ao longo de todas as edições, o festival acumulou um cabedal de músicas que se tornaram emblemáticas para a cultura gaúcha, como músicas que expressam o nativismo — diz Bastos. — Algumas delas com uma simbologia muito grande, como é o caso de Guri. É uma canção que tem esse reconhecimento como se fosse um hino.
Pela Calhandra de Ouro
Realizada pelo CTG Sinuelo do Pago com apoio da prefeitura de Uruguaiana, a Califórnia promove pela segunda vez sua edição estudantil. Após a fase municipal e uma triagem estadual, os classificados se apresentarão no primeiro dia de festival. Participam da competição estudantes da rede pública e privada — divididos nas categorias mirim, juvenil e adulta —, que devem obrigatoriamente interpretar canções que já foram apresentadas em edições passadas do festival.
Já a competição principal da Califórnia reúne 24 canções, sendo quatro suplentes, de autoria de nomes como Mauro Moraes, Pirisca Grecco, Érlon Péricles, Gujo Teixeira, Nilton Ferreira, entre outros nomes. Serão 12 composições apresentadas na quinta e outras 12 na sexta, classificando-se seis em cada dia para a apresentação final no sábado.
As três primeiras canções da competição recebem a Calhandra de bronze, prata e ouro — essa última sendo destinada à grande campeã da Califórnia. Além do troféu, a premiação inclui R$ 10 mil para o primeiro lugar.
Iniciada em 1971, tendo alguns anos de intervalo, a Califórnia continua um cabedal de possibilidades de manifestação da cultura gaúcha, como observa Bastos:
— Neste ano, temos músicas que são essencialmente campeiras, como temos canções bastante abertas. Em que pese ter muito conteúdo do passado, o evento continua no presente, sendo palco de gente jovem.
45ª Califórnia da Canção Nativa
- Desta quarta-feira (6) a sábado (9), sempre às 20h, no Parque Dom Pedro II (Av. Presidente Vargas, 1.553), em Uruguaiana.
- Entrada franca.
- Outra informações no site do evento.