Ninguém melhor do que Caetano Veloso para fechar a primeira edição porto-alegrense do Festival Turá neste domingo (19). Ao longo de dois dias, o evento levou 20 mil pessoas (10 mil em cada) ao Anfiteatro Pôr do Sol, reativando um espaço clássico da Capital que não era utilizado desde 2019.
Aos 81 anos, Caetano personifica em si a diversidade musical que o Turá promove: MPB, samba, rock, pop, funk, Carnaval, o que ele quiser. No fim de semana, o Turá recebeu nomes como Alceu Valença, Fresno com Pitty, Emicida, Baco Exu do Blues, Marina Sena, Francisco, el Hombre, Duda Beat, entre outros. Mas é Caetano quem pode sintetizar a música brasileira em si.
Tanto que, quando Caetano subiu ao palco, às 21h52min, outros artistas do domingo foram ao foço (espaço entre o público e o palco) para prestigiá-lo. Estavam lá Baco, Marina, Duda, quem pudesse, para prestar reverência.
Ao longo de pouco mais de uma hora, Caetano mesmerizou o público com sua apresentação — ele também tocou violão e ensaiou passos de dança quando pôde. Foi como se sua poderosa e afinada voz tomasse conta de toda a orla do Guaíba. Uma atmosfera etérea e divina se propaga quando Caetano canta. Vê-lo no palco é enxergar uma entidade materializada, tamanha imponência.
Na hora do show, a temperatura marcava 18°C. O calor e sol que marcaram a tarde deram lugar a um vento ligeiramente frio. Uma parte do público estava agasalhada a essa altura.
Caetano trouxe ao Turá a turnê Meu Coco, com canções desse álbum, como Não Vou Deixar, Anjos Tronchos e a faixa-título, que abriu o show.
Não faltaram clássicos para o público cantar com Caetano. O músico apresentou You Don’t Know Me, Sozinho, Baby ("Gal Costa para sempre", ressaltou depois da música), Sampa, Leãozinho e Cajuína. Com Odara e Reconvexo, ele colocou a galera para dançar.
Depois de interpretar Menino Deus, o artista mencionou que compôs a música em Porto Alegre, após ver um cartaz que indicava os bairros Menino Deus, Ipanema e Tristeza.
Então, Caetano trouxe Desde que Samba é Samba. Ao ver o público fazendo coro ao verso "cantando eu mando a tristeza embora", ele comentou modestamente:
— Vocês cantando é que fica bonito.
Após apresentar a banda, Caetano cantou Sem Samba Não Dá, que contou com Marina Sena e Duda Beat no palco. Uma junção que simboliza bem o que foi o Turá.
"Caetano, eu te amo", bradou o público na reta derradeira do festival. O músico retribuiu com Luz de Tieta, sua cartada final. Aquele momento de catarse, com o público festejando e entoando: "Eta, eta, eta, eta/ É a lua, é o sol é a luz de Tieta, eta, eta, eta". Era como se virasse Carnaval — bem como o Turá começou no domingo, com Bloco da Laje.
Balanço e perspectivas para 2024
Para Gustavo Sirotsky, diretor da Maia Entretenimento, parceira local na realização do evento em Porto Alegre, o sentimento é de felicidade com o impacto do Turá na capital gaúcha e com os retornos recebidos do público e dos artistas.
— Estamos mais felizes ainda por ter conseguido reconectar a cidade com o Anfiteatro Pôr do Sol, um lugar que tem um espaço muito especial no coração e na memória dos gaúchos —, destaca.
Sirotsky atesta que, agora, Porto Alegre agora tem um festival de música brasileira pra chamar de seu:
— O Turá amou o Rio Grande do Sul, e a gente viu que o público gaúcho também amou o Turá. Temos tudo pra nos reencontrar em 2024. A gente espera voltar pra se misturar de novo e trazer toda essa energia de volta pra nossa cidade.