Aos 80 anos, Roger Waters segue provocando. Cada show da turnê This Is Not a Drill, que desembarca em Porto Alegre nesta quarta-feira (1º), desperta sensações e reflexões por onde passa. Ao redor do mundo, a apresentação tanto impressionou quanto gerou controvérsias.
É a quarta vez de Waters na capital gaúcha: a primeira vinda do ex-Pink Floyd foi em 2002, com show no Estádio Olímpico. Depois, ele se apresentaria duas vezes no Beira-Rio, em 2012 e 2018. Desta vez, sobe ao palco da Arena do Grêmio, às 21h. A abertura ficará por conta de Renato Borghetti, às 19h.
Em sua atual turnê pelo Brasil, Waters já tocou em Brasília (24/10) e no Rio de Janeiro (28/10). Pelo que se viu até aqui, o espetáculo é estonteante: amparado por quatro telões gigantes — que projetam imagens e dizeres em boa parte da apresentação —, tem uma junção de teatralidade, fogos, efeitos especiais e, como não poderia deixar de ser, canções do Pink Floyd e da carreira solo de Waters — que se alterna em diferentes instrumentos: baixo (que ele tocava na ex-banda), guitarra, violão e piano.
Na abertura dos shows no país, ele entra vestido de médico, empurrando uma cadeira de rodas com um idoso em camisa de força, aludindo à primeira canção: Comfortably Numb ("confortavelmente entorpecido"). Em seguida, rola uma trinca do álbum The Wall (1979) — The Happiest Days of Our Lives, Another Brick in the Wall, Pt. 2 e Another Brick in the Wall, Pt. 3 — e um trio da carreira solo de Waters, que inclui The Powers That Be, The Bravery of Being Out e The Bar.
Waters, então, retoma as faixas do Pink Floyd. Outra trinca vem na sequência, desta vez do disco Wish You Were Here (1975): Have a Cigar, a faixa-título e Shine on You Crazy Diamond (Pts. 6-9). Sheep, de Animals (1977), encerra o primeiro ato, com uma ovelha gigante flutuando em direção ao público. A seguir, pausa de 15 a 20 minutos no espetáculo.
O segundo ato é aberto com Waters na cadeira de rodas. In the Flesh? inicia essa parte, como se o músico despertasse de seu entorpecimento. Desta vez, um porco gigante voa até a plateia, contendo a frase "He’s mad, don’t listen. You're up against the wall right now" ("Ele está bravo, não dê ouvidos. Você está contra a parede agora"). Também de The Wall, Run Like Hell é apresentada. Déjà Vu e Is This the Life We Really Want? contemplam uma dobradinha da trajetória solo, antes de Waters entrar no bloco The Dark Side of the Moon (1973) do show.
Com luzes deslumbrantes que vão até o palco formando as cores do prisma da capa do álbum histórico, Waters apresenta o quinteto Money, Us and Them, Any Colour You Like, Brain Damage e Eclipse. Para fechar, ele puxa Two Suns in the Sunset, lá de The Final Cut (1983), reprisa The Bar e fecha com Outside The Wall.
Mensagens e palestras
A performance controversa de Waters, que gerou acusações de antissemitismo ao músico, não está no roteiro. Em sua passagem pela Alemanha, em maio, o músico vestiu um longo casaco preto com braçadeiras vermelhas — figurino que já era utilizado por ele há décadas, até em apresentação em Porto Alegre, em 2012. No entanto, autoridades alemãs apontaram que as roupas usadas no palco podem ser utilizadas para glorificar ou justificar o regime nazista.
Durante as apresentações, não faltam mensagens políticas projetadas no telão. Presidentes dos EUA — de Ronald Reagan a Joe Biden — são acusados de criminosos de guerra, com atos listados. Negros, povos originários, palestinos, trans e mulheres têm crimes contra si lembrados também. Waters também tem discursado bastante para o público.
Antes de cada show no Brasil, foi exibida a seguinte mensagem no telão: "Se você é um daqueles que diz: 'Eu amo o Pink Floyd, mas não suporto a política do Roger', você pode muito bem se retirar para o bar agora. Obrigado".
Roger Waters em "This Is Not a Drill"
- Nesta quarta-feira (1º), às 21h, na Arena do Grêmio (Av. Padre Leopoldo Brentano, 110, bairro Humaitá), em Porto Alegre.
- Abertura dos portões: 17h.
- Apresentação de Renato Borghetti: 19h.
- Classificação etária: 16 anos desacompanhados. Menores entre cinco e 15 anos poderão comparecer ao evento desde que acompanhados de pelo menos um dos pais e/ou responsável legal. Menores de cinco não estão autorizados a ingressar no evento.
- Ingressos a partir de R$ 340 (inteiro) pelo site da Eventim e na bilheteria da Arena do Grêmio — ao lado do Portão 2 — até o início do show.