Renascida e renovada, Iza volta a Porto Alegre neste sábado (7) para show no Auditório Araújo Vianna, a partir das 21h. É na capital gaúcha que ela estreia a turnê de seu segundo disco, AFRODHIT, lançado em agosto.
Os fãs puderam conferir uma amostra da apresentação da cantora no The Town, em São Paulo, em 10 de setembro. Porém, era um show compacto de festival. Para este sábado, será maior, contando com as novidades e os sucessos como Brisa, Pesadão, Meu Talismã, Fé, entre outros.
Em AFRODHIT, há decepção, amargura, tesão e amor. Iza descreve o álbum como uma terapia em live, dentro de um processo de redescoberta. As faixas também refletem acontecimentos na vida da artista: desde o término do casamento com o produtor musical Sérgio Santos (Nunca Mais, Fé nas Maluca, Que Se Vá e Tédio), mas também sobre seu romance com o jogador de futebol Yuri Lima (casos de Exclusiva, Sintoniza e Bomzão).
Em entrevista a GZH, Iza falou sobre o show deste sábado e sobre AFRODHIT.
No The Town você dedicou seu show a todas as mulheres que se sentem renascidas. Você se vê em um momento de renascimento?
Sim, acho que é um momento de me redescobrir. Faz todo sentido com a narrativa que estamos contando de renascimento, do nascimento de Afrodite. Acho que tem a ver com se reencontrar com suas crenças e raízes. Está sendo um processo muito maneiro, desde o momento em que comecei a compor o álbum.
Desde Dona de Mim (2018), você não deixou de lançar músicas e fazer outros trabalhos. Mas tendo como ponto de partida o formato álbum, de que maneira você sente que evoluiu de seu disco de estreia para AFRODHIT?
Foi um espaço bem grande entre o primeiro e o segundo álbum. Neste novo trabalho, é um momento que estou me sentindo mais confiante. Menos preocupada com a opinião dos outros, mas obviamente querendo muito que meus fãs gostem do que tenho para mostrar. Tenho consciência que é impossível agradar todo mundo. Quando você parte desse princípio, a criação fica muito mais livre. Independentemente das coisas novas que tenha feito ou apresentado, a sensação de que evoluí vem disso, por me sentir mais tranquila e segura com meu trabalho.
É um disco que traz R&B, reggae, rap, entre outros ritmos, mas que no final tem sua identidade bastante perceptível ali. Que unidade sonora você buscou para o AFRODHIT?
Desde o meu primeiro trabalho, tenho me baseado na música preta. No reggae, no ragga, no trap, um pouco do funk. Neste novo álbum, acho que estou reiterando isso. Enxergo como uma linguagem minha, como uma coisa que gosto muito e me define. Então, me aprofundo mais nisso, nesse reggae, no pagodão (baiano). Tem o R&B, que faz parte do meu DNA e permeia todos os meus trabalhos, mesmo que sejam funk ou samba. Tem coisas novas em AFRODHIT, mas tem muito de mim. São pedaços de mim que decidi destacar. Talvez seja por isso que esse álbum foi tão curativo.
Você já comentou que descartou músicas de um álbum inteiro e recomeçou o processo de gravação. O que estava errado nesse trabalho descartado? Que direção estava tomando?
As letras eram muito boas, assim como as músicas também eram. Ao mesmo tempo, não seriam canções que fariam sentido cantar naquele momento. Quando a gente canta algo que não está vivendo, as pessoas percebem. E queria muito interpretar algo que fosse coerente com o que estava vivendo. Algo que estivesse realmente desejando falar. Sempre penso nisso quando faço meu trabalho. Escolho uma música não para ser do verão ou de qualquer estação do ano, mas sim porque é algo que quero falar agora. Fez sentido para mim no momento, trocar tudo.
Em AFRODHIT, você trabalhou com mulheres na composição, o que imagino que tenha sido uma conjunção de vivências. De que maneira você sentiu que isso impactou nas letras?
Fez toda diferença. Mulheres cantando sobre experiências femininas. Sou uma mulher, quando interpreto uma canção, as músicas acabam passando pela minha identidade e essência. Naturalmente, tem coisas que nem sabia que sentia. Tem coisas que a gente tem vergonha de falar, que a gente pensa que inventa, mas quando você compartilha com outras mulheres, percebe que isso que sente é comum. “Uma amiga minha sentiu isso também”. Vai ressignificando tudo que você sentiu e, consequentemente, trabalhando a arte com muito mais propriedade, porque isso faz muito sentido para outras pessoas também. As mulheres são compositoras incríveis e quando trabalham do ponto de vista feminino, fazem isso como ninguém.
AFRODHIT começa refletindo o término de um relacionamento, com desabafos de uma relação que fracassou e machucou, transpassa amargura, mas vai para um caminho do amor, do tesão, da sensualidade. No meio disso, a autodescoberta e o renascimento. Como foi para você esse processo de traduzir sua vida nesse disco? Houve algum receio de se sentir exposta? Ou, do ponto de vista artístico, era fundamental expressar tudo aquilo que você passou?
Creio que era fundamental, artisticamente falando. É essa a função do artista na sociedade: interpretar aquilo que vê. Expressar como você enxerga o mundo. Mostrar sua visão de vida, de amor, o que se passa dentro da sua cabeça. Você fala de uma época, de uma situação, de uma história, e isso é incrível, pois fica para sempre. Acho que esse álbum acabou formando uma história. As coisas que falei foram muito terapêuticas para mim. Na hora que canto, saio de dentro de mim, falo coisas que não foram faladas e precisava falar. Acho que faz com que a página vire. Te faz se reconectar com você mesma. Então, acho importante você falar sobre a sua vida, sobre suas feridas e sobre coisas que você não se orgulha tanto. Coisas que talvez vão te aproximar ainda mais do público por ser sua vulnerabilidade.
Recentemente, há críticas apontando para uma tendência de espetacularização dos relacionamentos ou da vida íntima por parte de artistas. Assim, o público pode se pegar pensando o que é real ou o que é mera performance como ação de marketing. De alguma maneira, você já se policiou sobre essa espetacularização de sua própria vida?
Acho que isso deve ser uma preocupação porque ao mesmo tempo que há um lado artístico meu muito forte, há também um lado pessoal que tem a ver com os meus princípios, com a minha criação, com as minhas crenças e aquilo que acho correto. Então, acho que deve ter um limite. Até aquilo que é saudável, que faz bem para mim. O que faz bem para mim é ir até onde fui, que é me expressar artisticamente e colocar uma pedra sobre esses assuntos. Não acho que seja a forma correta, mas acho que é maneira mais saudável para mim. Talvez algo como minha mãe faria, como alguém alguém da minha família faria, como aprendi fazer.
Passados dois meses, como tem sido a repercussão de AFRODIHT? Que balanço já dá para fazer desse trabalho?
Tenho me sentido muito abraçada. No The Town, foi inacreditável apresentar músicas que tinha acabado de lançar e ver um monte de gente cantando. Foi surreal. Tento me blindar um pouco dos comentários, pois nunca se sabe o que a gente vai encontrar, mas foi inacreditável, as pessoas dizendo que não tinha uma música ruim. Que se reconheciam nas músicas, que viveram o Que Se Vá, falavam de Mega da Virada, “Exclusiva foi feita para mim”. Nossa, isso me alimenta muito. É isso que quero: ver as pessoas sentirem minhas músicas.
IZA - AFRODHIT TOUR
- Neste sábado (7), a partir das 21h, no Auditório Araújo Vianna (Av. Osvaldo Aranha, 685), em Porto Alegre.
- Ingressos a partir de R$ 150 (inteiro) ou R$ 80 (solidário, mediante a doação de 1 kg de alimento não perecível).
- Pontos de venda sem taxa: loja Planeta Surf Bourbon Wallig (Av. Assis Brasil, 2.611), das 10h às 22h, à vista em dinheiro e no cartão; e na bilheteria do teatro, que abre duas horas antes do evento. Pontos de venda sem taxa: pelo site da Sympla.
- Desconto de 50% para sócio do Clube do Assinante e acompanhante.