O Auditório Araújo Vianna, em Porto Alegre, será preenchido pela versatilidade de Rubel na noite deste sábado (16), a partir das 21h (veja detalhes sobre ingressos ao final do texto). O artista carioca traz à Capital a turnê do seu último trabalho, o disco duplo As Palavras, Vol. 1 e 2, lançado em março. Será a primeira apresentação individual dele na prestigiada casa de espetáculos porto-alegrense, onde já havia estado em 2019, ao lado da paulistana Céu.
— O Araújo é um palco muito simbólico e, desta vez, quem estiver lá é porque é realmente meu público. Acho que vai ser um momento importante na minha carreira — diz ele.
Disco que orienta o show, As Palavras, Vol. 1 e 2 vem sendo aclamado pela crítica por incorporar diferentes gêneros da música popular brasileira contemporânea em suas 20 faixas. As canções caminham por terrenos do funk, do samba, do pagode, do forró e do piseiro, entre outras expressões que lideram as paradas musicais do país, mas também bebem em fontes de movimentos seminais como o Clube da Esquina — há, inclusive, uma canção composta e gravada com Milton Nascimento, Lua de Garrafa.
As parcerias são diversas e incluem artistas de diferentes segmentos e gerações, como a funkeira MC Carol de Niterói, o rapper BK, o DJ Gabriel do Borel, o sambista Xande de Pilares, a banda Bala Desejo e as cantoras Liniker e Luedji Luna, entre outros. Com isso, o disco guia o público em uma tour pelo que há de melhor na música que se faz no Brasil atualmente.
— Tinha vontade de fazer um trabalho que dialogasse com o aquilo que está acontecendo nos diferentes lugares do nosso país. Isso me levou para um mergulho na nossa música e na nossa literatura, que depois desaguou em um encantamento muito grande pela cultura brasileira. Mas tudo isso foi um processo natural: quanto mais fui me aprofundando, mais fui me apaixonando. Não tinha concebido que o disco teria facetas tão diversas — conta Rubel.
O trabalho chama atenção também pelo rompimento com o que já havia sido apresentado nos discos anteriores do artista. Pearl, de 2013, inseriu Rubel entre os expoentes da cena folk, enquanto Casas, de 2018, apresentou-o a novos públicos por meio de uma abertura ao pop. Já As Palavras, Vol. 1 e 2 situa o carioca em um segmento distinto, mais diverso, experimental e ligado à brasilidade.
Há quem grife o nome de Rubel no escopo do movimento que vem sendo chamado de "nova MPB", mas o artista rejeita o termo.
— "Nova MPB" dá a conotação de uma releitura, de uma tentativa de recriação do movimento que originou a sigla MPB, quando na verdade não é isso, é uma outra coisa, mas uma coisa que também é música popular brasileira. Eu defino o meu trabalho somente como MPB, sem o "nova", porque é música, é popular e é brasileira — explica.
Rubel diz que a renovação de seu estilo vem sendo bem aceita pelos fãs que acompanham os diferentes momentos da sua carreira, mas confessa que ainda há resistência em alguns:
— Uma parte pequena do público fica saudosista e nostálgica pela coisa do folk, acha que eu traí o movimento (risos). Mas a maior parte vê com bons olhos. Isso fica muito evidente no show. Eu fiquei três anos longe dos palcos e percebo que agora tem sido mais quente, que as pessoas estão são mais entregues do que antes. Não sei se é pela saudade ou pelas características do disco novo, mas eu senti muito essa diferença.
O espetáculo não cumpre todas as 20 canções de As Palavras, Vol. 1 e 2, mas chega quase lá. Algumas músicas ficaram de fora para dar lugar a hits anteriores que são praticamente obrigatórios nas apresentações de Rubel, como Quando Bate Aquela Saudade e Partilhar.
Em contrapartida, chama atenção a grandiosidade da produção do show. A cenografia passa longe de ser somente cumpridora e conta com projeções que estão integradas à estética de As Palavras Vol. 1 e 2 — que é também um disco visual. Já a banda conta com 12 músicos sobre o palco. Um número que impôs algumas dificuldades à turnê, mas necessário para que se conseguisse levar a melhor experiência do disco aos palcos, conforme o artista.
— As Palavras vai para muitos gêneros. Acho que a única forma de traduzir isso para o palco seria com uma banda mais completa — diz Rubel, explicando que isso impactou a extensão da turnê. — Estamos passando por menos cidades (oito no total), mas levando o que eu considero a melhor entrega possível, um show que não é só uma tentativa de reprodução do disco. Já fiz turnês em que adaptamos o formato para a realidade de cada lugar, mas às vezes não tínhamos o show acontecendo na sua máxima potência. Era frustrante.
O roteiro do espetáculo foi pensado para acentuar os contrastes que a musicalidade de Rubel ganhou a partir de As Palavras, Vol. 1 e 2, tanto no ritmo quanto nas temáticas. A transição entre as músicas oscila entre as diferentes formas de representar o amor que vem sendo utilizadas por ele — antes, de maneira mais pura e romântica, tal qual em Quando Bate Aquela Saudade, de 2013; e agora, em canções que exploram também a sexualidade, como PUT@RIA!, gravada em parceria com MC Carol, BK e DJ Gabriel do Borel.
Conforme Rubel, o show vai da "da música romântica até a putaria". Até porque "todo mundo tem um pouco dessas duas coisas dentro de si".
— O meu trabalho falava de amor de uma maneira excessivamente doce e romântica, mas não era exatamente assim que eu vivia o amor na minha vida. Eu escrevi Quando Bate Aquela Saudade com 21 anos, por exemplo. Com o tempo, você vai vivendo, vai descobrindo outras coisas, vai descobrindo o sexo, e percebe que o amor também é isso. O show brinca com essas oposições que na verdade não são opostas, são complementares — afirma o artista.
Já sobre os próximos passos de sua carreira, Rubel diz ainda não saber ao certo. Mas ele acredita que, depois de conhecer tantos outros lugares em As Palavras, Vol. 1 e 2, a estrada acabará rumando de volta para casa:
— Eu gosto muito de brincar com a expectativa, tanto a minha quanto a de quem ouve. Não sei bem o que farei, mas tenho um pouco a sensação de que depois de As Palavras vou acabar fazendo uma parada mais intimista, mais calcada no violão e na canção crua. Ou seja, algo mais próximo do que foi o meu primeiro disco.
Rubel
- Neste sábado (16), às 21h, no Auditório Araújo Vianna (Av. Osvaldo Aranha, 685), em Porto Alegre
- Ingressos a partir de R$ 120 (inteiro) ou R$ 70 (solidário, mediante a doação de 1kg de alimento não perecível), disponíveis na plataforma Sympla.
- Desconto de 50% para sócios do Clube do Assinante e acompanhante