Com 70 anos de vida e 50 de carreira, o músico Guilherme Arantes refletiu sobre carreira e envelhecimento em entrevista ao jornal Extra publicada nesta sexta-feira (28). O cantor, que tem cinco filhos e quatro netos, planeja passar a velhice na Espanha, onde está vivendo desde fevereiro. Ainda assim, garantiu que não irá abandonar a residência no Brasil e que volta nos próximos meses para fazer shows pelo país.
Questionado como é encarar o passar dos anos depois de ter sido considerado um dos "galãs do MPB", respondeu:
— Quando eu era lindo, o carisma do verdadeiro Guilherme Arantes não sobressaía. Escrevia músicas profundas, mas o mundo enxergava a minha beleza. Não tenho nenhuma saudade da aparência que eu tinha porque ela me atrapalhou, enfrentei muito preconceito — refletiu.
— Havia uma diferença de tratamento, por exemplo, para o Guilherme Arantes e o Zé Ramalho. Era preciso ter uma aparência condizente com o que se esperava de uma pessoa inteligente. Mas o mundo teve que me aturar. O público feminino que admirava a minha beleza hoje ainda me acha o máximo, não fica lembrando dos meus cachinhos. E não adianta querer parar o tempo. Para a idade, a melhor coisa é a inteligência — acrescentou.
Conforme o cantor, ele consome muita música regional da Espanha e pop internacional. Em relação aos cantores brasileiros, os elogios ficaram para Marina Sena, Jão, Gloria Groove, Liniker, Silva, Tiago Iorc e Anavitória.
A chegada dos 70 anos, para ele, também foi uma libertação "de uma compulsão por shows".
— O sucesso é uma droga de adicção, acaba virando uma obsessão. As pessoas fazem qualquer negócio para conseguir. No meu caso, o meu jeito é que era predominante. Tinha que ser o mundo externo consumindo o meu mundo interior. Nunca cantei só para ganhar dinheiro. Ir rumo ao desconhecido é a única certeza da minha carreira — afirmou.
Para os fãs preocupados, ele garante que está com a saúde ótima, pois deixou o cigarro há 20 anos e só faz uso de álcool com moderação.
— Aqui na Espanha, o pessoal dá tragadas assassinas. O tabaco é muito barato na Europa — contou.