Antonio Villeroy, ao completar os seus 60 anos de vida e 40 de carreira, em 2021, pretendia lançar uma trilogia de álbuns cujo tema principal seria o amor. Naquele ano, o músico nascido em São Gabriel entregou as obras Gravidade do Amor e Luz Acesa. Ficou faltando um, que precisou ser mais trabalhado, pois boa parte das canções ainda necessitavam ser compostas e gravadas. Assim, com um pouquinho de atraso, mas com muito a dizer, Banquete chega às plataformas digitais nesta sexta-feira (12).
O disco, que é inspirado na obra O Banquete — também conhecida como Simpósio –, de Platão, aborda o mesmo tema que o filósofo grego trabalhava em seus textos: amigos idealizando sobre o amor durante reuniões regadas a bebida. Para tentar se aproximar desta estrutura, Villeroy decidiu levar para o seu álbum nada menos que 62 artistas das mais diferentes nacionalidades, entregando suas visões do amor e, como consequência, tornando o assunto principal do disco o mais universal possível.
— Eu queria expandir o álbum. E, realmente, abrir mão do prazo foi a melhor coisa que fiz. Compus muitas coisas novas, com parceiros novos. O álbum cresceu muito e contempla vários gêneros que eu gosto de ouvir e de fazer. Tem bossa, tem samba, tem chorinho, ao mesmo tempo que tem reggaeton e baladas românticas. É um disco bem versátil. Tem letras em cinco línguas: português, espanhol, italiano, francês e inglês, que são os idiomas que eu falo e componho — explica Villeroy.
De acordo com o artista, este novo disco é voltado para o mercado internacional e foi projetado já pensando na mudança de Villeroy e sua família para Portugal — o músico foi de mala e cuia para o país europeu em outubro do ano passado. De lá, ele partirá em uma turnê mundial para divulgar o novo disco. Já estão confirmados no roteiro Brasil, França, Alemanha, Áustria, Espanha, Itália, República Tcheca, Países Baixos, Argentina e Uruguai. A estreia ocorre em 2 de junho, no Auditório Carlos Paredes, em Lisboa. Por aqui, o primeiro show será em 7 de julho, no Teatro do Bourbon Country. Os ingressos já podem ser adquiridos na plataforma uhuu.com.
Internacional
Este movimento de viver na Europa se deve às mudanças que o artista viu no mercado. De acordo com ele, ficou muito mais favorável para o tipo de trabalho que faz. Sete músicas do seu novo disco, por exemplo, já estão tocando em rádios de diversos países do Velho Continente, devido a um trabalho feito pela equipe de Villeroy antes mesmo do lançamento do álbum.
— Isso é uma coisa que, no Brasil, eu não tinha e continuo não tendo. Tive nos anos 1980, talvez, nos tempos da rádio Ipanema. Mas, com exceção da FM Cultura, de Porto Alegre, e da rádio Inconfidência, de Minas, eu não tenho notícia das minhas músicas tocando comigo cantando nas rádios. Tem com a Ana Carolina, com outros intérpretes. As rádios do Brasil estão voltadas para um outro tipo de música, que não me inclui — reflete.
Villeroy é um hitmaker brasileiro, com mais de 300 canções interpretadas por cerca de 130 artistas nacionais e internacionais, incluindo a própria Ana Carolina, Gal Costa, Maria Bethânia, Seu Jorge, John Legend, entre outros. O cantor e compositor ainda tem em sua bagagem mais de 20 músicas que integraram trilhas de telenovelas, além de temas e bandas sonoras inteiras em filmes brasileiros e norte-americanos.
Vozes
Banquete é o 14º disco de Villeroy e, em boa parte das 13 canções que compõem a obra, o artista canta em duo com nomes como os brasileiros Francis Hime, Gelson Oliveira e Colombo Cruz, a portuguesa Joana Amendoeira, as italianas Mafalda Minnozzi e Chiara Civello, a francesa Marie Minet, o espanhol Pedro Guerra e a venezuelana Georgina. Uma das parcerias do álbum que se destaca é na música Mañana, gravada com Bebeto Alves, morto em novembro do ano passado, aos 68 anos.
A dupla, que se conheceu nos anos 1980, logo formou parceria — que durou décadas. Desde o segundo disco de Villeroy, sempre havia pelo menos uma música feita em conjunto pelos dois amigos. Mañana foi gravada por Ana Carolina em 2006, no álbum Dois Quartos, mas em português, com o nome Manhã. Os gaúchos, porém, sentiam que a canção tinha um DNA em espanhol e, por isso, transformaram ela para o idioma vizinho do Rio Grande do Sul.
— Quando a gente gravou essa música, eu não tinha ideia de que o fim do Bebeto estava próximo. Ele sempre venceu as dificuldades de saúde. Ficava sempre em um limite e vencia. E eu achava que ele iria vencer de novo. Quando a gente gravou, fizemos um videoclipe também. Então, acho que foi o último videoclipe do Bebeto — conta Villeroy. — Mas ele segue muito presente na minha vida, o tempo inteiro. Todos os dias eu lembro dele e, às vezes, penso em mostrar alguma música nova ou uma ideia para o Bebeto. Não caiu a ficha que ele desencarnou. Parece que, em espírito, ele está por aqui e, às vezes, sinto um sopro dele. Sinto ele muito vivo ainda.
Os próximos 10 meses para o artista serão dedicados à turnê e à divulgação do álbum. Ele, porém, não para de compor e, brevemente, estreará parcerias com Toninho Horta e Marcos Valle. Além disso, já trabalha em um novo álbum que deverá ser gravado no próximo ano. Seja no Brasil ou em Portugal, Villeroy não para. Afinal, a música é um dos grandes amores da vida dele.