Bem no começo da Reação em Cadeia, durante seus primeiros ensaios em Novo Hamburgo, o vocalista e guitarrista Jonathan Dörr gostava de propor uma brincadeira, que também tinha um pouco de sonho. Ele desligava a luz do estúdio e anunciava:
— Gurizada, agora a gente vai imaginar que está tocando no Planeta Atlântida.
O grupo vislumbrava o festival como uma das metas de vida. E conseguiu: fundada em 1999, a Reação subiu ao palco do Planeta em mais de 10 oportunidades. Além disso, a banda rodou o país em duas décadas de atividades, acumulando quatro álbuns de estúdio e êxitos como Me Odeie, Eu Não Pertenço a Você, Espero, Estou Melhor, Quase Amor, Os Dias, entre outros. No entanto, o projeto chegou ao fim em 2016.
Agora, a Reação vai voltar justamente na 26ª edição do Planeta Atlântida, que ocorre em 3 e 4 de fevereiro na Saba, em Atlântida, litoral norte gaúcho (os ingressos estão à venda no site do evento e nas Lojas Renner credenciadas). A banda é uma das atrações do segundo dia de festival. Na formação dessa retomada, Jonathan será acompanhado de Tiago Medeiros (baixo), Eduardo Panda (guitarra) e Elias Frenzel (bateria).
Será o primeiro show da Reação em seis anos. De lá para cá, Jonathan só tocou o repertório em três apresentações do projeto Voz e Reação: em 2018 e 2019, no Teatro do Bourbon Country, e neste ano em duas sessões no Opinião. O vocalista conta que vinha maturando essa ideia da retomada desde 2019, programando-se para realizar algumas coisas pontuais no ano seguinte, mas a pandemia atropelou esses planos. Nesse período, Jonathan começou a regravar os dois primeiros discos da Reação, Neural (2002) e Resto (2004), além de outros singles.
— Sempre foi um espelho da minha vida. Vivenciei tanto os altos quanto os baixos da Reação. É impossível me dissociar disso — afirma o músico. — É uma parada muito minha. Eu demorei a entender, inclusive. Custei a assumir que, de fato, a Reação sempre foi um projeto solo em formato de banda. Diferente do Ego Kill Talent, que era de fato uma banda.
Jonathan era vocalista da Ego Kill Talent desde 2014, com a qual rodou por festivais pelo mundo e chegou a excursionar com nomes como Metallica e Foo Fighters. Em agosto, deixou a banda. Conforme o vocalista, a pandemia desgastou a relação.
— Foram oito anos de muito investimento de tempo, financeiro, emocional, de tudo. Amo os caras, todos eles têm um talento incrível, fui muito feliz ali dentro. As oportunidades que vivemos juntos foram legais — diz Jonathan. — Mas são cinco cabeças com pensamentos diferentes. Cada um com a sua característica, e eu tenho uma personalidade forte. Queria ir para um lado de posicionamento. Sigo admirando os caras, só que cada um seguiu o seu caminho.
Jonathan sublinha que a saída da EKT levou à retomada de seu projeto mais pessoal, de seu próprio universo. Logo, surgiu o convite para o Planeta.
De volta ao Planeta
Segundo o vocalista, a volta da Reação é firme. A empolgação é tanta que ele viajou recentemente à Argentina com o violão na mala para compor novos sons. Jonathan garante que já tem música nova pronta, mas ainda sem data para sair. Prevê um 2023 cheio.
Para o ano que vem, um dos projetos será o relançamento de Neural, repaginado. Jonathan calcula que 80% do disco está pronto. Resto sairá na sequência.
— Está uma sonzeira, bonito pra caramba. É a mesma vibe da época, só que com uma produção mais acertada e refinada. E aquela atualização para um som mais moderno, mais pancada — pontua.
Antes dos futuros lançamentos, a banda volta ao palco. Jonathan reflete que essa retomada do projeto irá ocorrer em um momento de maior segurança, em que a Reação chegou a uma conexão sólida com seu público — fiel e de longa data. Um pouco disso ele pôde perceber nas apresentações do Voz e Reação, que encheram o Opinião em novembro.
Essa volta da Reação também será justamente naquele patamar que Jonathan vislumbrava naqueles ensaios do começo de carreira. Será um show em que a banda vai repassar sua trajetória, com um pouquinho de cada disco.
— Terá uma carga de emoção enorme. São seis anos desde que a banda tocou pela última vez — avalia. — Quando a gente sobe ao palco, passa um filme na cabeça, e vem a responsabilidade de estar no maior festival de música do Sul do Brasil. Tem uma magia ali. Se não tem Planeta, não tem verão. É meio isso para nós.