Como se fosse um abraço. É assim que Filipe Catto descreve o show que trará a Porto Alegre na próxima quinta-feira (20). Acompanhada de Jojo Lonestar no violão, a cantora e compositora gaúcha sobe ao palco do Agulha, às 21h, para uma apresentação intimista. O repertório abrange canções de todas as fases de sua trajetória, que tem mais de 10 anos.
— É um presente para mim. Coisa de estar junto da galera de Porto Alegre, cantando minhas músicas. Agulha também é um lugar superíntimo. Acho que vai ser um show muito amoroso e entre amigos — diz a cantora.
O espetáculo integra a programação de sideshows do Circuito Orelhas, projeto patrocinado pela plataforma Natura Musical. A entrada será limitada a um terço da capacidade da casa, cem espectadores, em razão da pandemia. Na porta do Agulha, será exigida a comprovação de esquema vacinal completo. Para entrar na sala de shows da casa, só usando máscara PFF2 ou N95. Por ali, o consumo de bebidas será proibido — estará liberado para o público que estiver nas mesas localizadas na rua ou no salão.
Em meio a apresentações seguindo protocolos sanitários, Filipe admite que se sente numa missão de guerra cada vez que parte para realizar um show. Não nega o estranhamento diante de pessoas com máscaras. Ao mesmo tempo, existe a sensação de que ela e o público estão promovendo juntos um trabalho de superação.
Transformações
No primeiro ano da pandemia, a cantora se dedicou às apresentações virtuais, que culminaram na Love Catto Live, onde ela assume o papel de crooner e promove karaokês virtuais e interação com os fãs em uma estética kitsch. Esse projeto acabou se tornando um espetáculo presencial.
Já em 2021, a artista se dedicou a produções audiovisuais, como a performance O Nascimento de Vênus Tour, que foi exibida no Museu da Imagem e Som, em São Paulo. Esse projeto abrange e nomeia também o disco ao vivo lançado em dezembro.
O álbum registra o último show da turnê do disco Catto (2017), realizado no dia 13 de março, em São Paulo. A cantora, que trabalhou com Jojo na produção e mixagem, destaca que as gravações não foram "rebocadas". Trata-se de um show de rock vivo, que transmite uma sensação setentista.
— Foi um show louco, completamente sobrenatural. Intuitivamente, quis gravar o áudio dessa apresentação. Nem pensava em disco, mas queria ter o registro — relata.
O Nascimento de Vênus Tour também marca a emancipação de Filipe como uma pessoa trans não binária. Desde a infância, ela buscava a androginia, mas não sabia bem defini-la. Cresceu com uma confusão muito grande entre o masculino e o feminino. Durante a turnê de Catto, passou a entrar em contato com ideia do não binário.
— Passei a valorizar minha beleza, a entender que não é de uma pessoa binária. Comecei a compreender meu pronome e a minha energia — conta. — Estamos vivendo um momento em que é politicamente importante se afirmar. Tem mil coisas que você pode ser no mundo. Mas o que a gente quer é destruir essas barreiras, não faz sentido definir a pessoa pela roupa ou papel.
Circuito Orelhas apresenta Filipe Catto
- Quinta-feira (20), às 21h, no Agulha (Rua Conselheiro Camargo, 300, São Geraldo).
- Abertura da casa: 18h
- Classificação: 16 anos
- Ingressos: de R$ 60 a R$ 120 pelo site sympla.com.br