Após dizer que não faria mais lives para evitar ser censurado, o cantor Gusttavo Lima, 30 anos, teve a sua participação confirmada no festival de música online organizado pelo Villa Mix, que acontece no próximo dia 3 de maio. A informação foi divulgada na noite de segunda-feira (20), no intervalo da live dos sertanejos Amigos.
O artista foi criticado por falar palavrões e beber de cerveja a tequila durante seus shows online. "Acho que o grande segredo da live é tirar o lençol do fantasma. Acho que uma live engessada e politicamente correta não tem graça. O bom são as brincadeiras, a vontade, levar alegria, alto astral para as pessoas que estão agoniadas nesse momento. Não farei live pra ser censurado", escreveu ele em seu perfil no Twitter.
"Juntos, ajudamos muitas pessoas. Foram toneladas de alimentos e arrecadações... Fizemos nosso papel, Deus abençoe a todos", afirmou ainda.
Lives do artista geraram polêmica
O Conar, órgão de regulamentação publicitária, abriu uma representação ética contra o sertanejo e a Ambev por possíveis irregularidades em relação ao consumo de bebida alcoólica na apresentação online que Lima fez no último dia 11.
A live, que teve uma mensagem "a todos os cachaceiros desse mundo" em sua abertura, durou sete horas e meia e teve 5,5 milhões de acessos simultâneos. Uma semana antes, o cantor já havia feito uma outra apresentação online que durou cinco horas e teve mais de 750 mil acessos simultâneos.
A representação no Conar foi aberta após dezenas de denúncias de internautas, envolvendo desde a falta de mecanismo para o acesso de menores de idade até o consumo excessivo de bebida alcoólica pelo músico, o que poderia ser considerado um estímulo ao consumo irresponsável do produto.
Em nota, o Conar afirmou que, apesar do formato inovador das apresentações online, elas devem seguir "princípios fundamentais da comunicação comercial do segmento, com a divulgação responsável de bebidas alcoólicas e com os cuidados para que não seja difundida a crianças e adolescentes".
Procurado, Gusttavo Lima disse, por meio de sua assessoria, que "os esclarecimentos necessários serão prestados conforme determinado na referida citação". "O departamento jurídico está acompanhando o caso, tratando-se, portanto, de uma citação de processo administrativo e não se trata de processo judicial."
Já a Ambev afirmou que tem patrocinado algumas lives nesse momento de quarentena "sempre com o cuidado de assegurar as medidas de higiene e distanciamento social e com a devida orientação prévia aos artistas sobre as regras do Conar de publicidade de bebidas". Mas destaca que "em algumas lives, de forma totalmente espontânea, algumas orientações não foram seguidas".
"Estamos reforçando as regras dado esse novo contexto de entretenimento virtual e estamos mais do que nunca comprometidos com o consumo responsável de nossos produtos", disse a Ambev em nota. "Vale lembrar que a live é de propriedade do artista, muitas vezes realizada em sua casa, o que representa um desafio."
O cantor e a Ambev terão 20 dias para apresentar defesa, se assim quiserem. Caso o Conar entenda que houve irregularidade, as penas podem ser a alteração da peça publicitária, neste caso alteração da live, e advertência aos responsáveis.