Às vésperas de seu nono ano animando o Carnaval de Porto Alegre, já faz tempo que o Bloco da Laje estende sua folia ao longo das outras estações. O coletivo não se limita aos espaços públicos da Capital e tem levado sua festa a outros rincões. Desde o começo de novembro, já há um registro definitivo dessa farra: o Bloco da Laje disponibilizou nas plataformas digitais o álbum visual 4 Estações, contemplado com patrocínio do projeto Natura Musical.
Neste sábado (30), fará o show de lançamento do projeto na Travessa dos Cataventos da Casa de Cultura Mario Quintana. Com entrada franca, o evento momesco se inicia às 16h, com apresentações de outros artistas — a atração principal entra em cena às 21h30min.
4 Estações traz quatro faixas, cada uma com seu respectivo videoclipe. É possível assisti-los separados, mas juntos formam um curta-metragem musical.
— A ideia do projeto tem a ver com a diversidade do nosso trabalho ao longo do ano. É um registro visual e poético, bem sensorial e imagético, que tenta dar conta das diferentes nuances que a gente vive em Porto Alegre, ainda mais que estamos em um local do Brasil que tem estações bem distintas — explica Júlia Ludwig, cantora e diretora artística do coletivo, que conta com 30 integrantes.
Apesar de suas origens no Carnaval, o Bloco da Laje tem em sua sonoridade influências de rock, maracatu, funk, elementos eletrônicos, com bateria de escola de samba misturada com guitarra, baixo e instrumentos de sopro.
— O sentido do Carnaval para a gente nunca foi reproduzir esse Carnaval que já está no imaginário, mas no sentido da mistura dos ritmos, da brincadeira, da paródia. Fazemos diferentes recortes, que faz parte da nossa estética — destaca Júlia.
Faixa de abertura de 4 Estações, O Que Tu Tem Cidadão conta com a participação da banda Francisco, El Hombre — grupo parceiro do bloco em festivais. Recanto Africano é um samba que homenageia o espaço onde o coletivo ensaia no Parque da Redenção.
— É chamado tradicionalmente de Recanto Europeu, mas nós o rebatizamos nas nossas intervenções. Além da gente, há outros grupos que ensaiam lá, como Maracatu e Turucutá, com bastante influência afro — aponta a diretora artística.
Novidades
Com sampler e elementos eletrônicos, Deixa Brincar funciona como um mantra, com seu refrão repetido muitas vezes. Já a subversiva Pregadão (“Vamos tirar Jesus da cruz”), que costuma ser um dos ápices das saídas do bloco, tem uma sonoridade enveredando ao gospel, com um coro que vai crescendo misturado com a guitarra. Em sua introdução, há a encenação de um culto:
— Quisemos deixar a abertura meio atemporal, como se fosse Jesus dentro de uma caverna, ou que fosse nos dias atuais, com pessoas dentro de um templo ou algum lugar fechado onde as pessoas estão conversando — ressalta Júlia.
Para as próximas estações, o Bloco da Laje planeja sair em turnê divulgando o álbum. Também há algumas músicas gravadas que estão no forno para serem lançadas como singles, antecipa a diretora artística. De qualquer maneira, os principais objetivos do Bloco da Laje permanecerão: ocupação do espaço público através da arte.
— Defendemos o direto de as pessoas estarem juntas e reunidas, celebrarem sua cultura e as questões comuns artísticas. Acreditamos no convívio entre as pessoas como uma ferramenta de aprendizado e troca, o que traz também com a tolerância e respeito ao que é diferente. Propomos a brincadeira e a subversão através da poesia. E uma troca afetiva também — pontua Júlia.
Programação
Maratona de apresentações, neste sábado (30), na Travessa dos Cataventos, parte externa da Casa de Cultura Mario Quintana (Rua do Andradas, 736). Entrada franca.
- 16h: The Bufa’s Xou
- 17h: Andrei DaSilva
- 18h: Paulo Neto
- 19h: Bate & Sopra
- 20h: Margarina Bailarina
- 21h: exibição dos videoclipes do álbum 4 Estações
- 21h30min: Bloco da Laje