Da psicodelia experimental pelotense da Musa Híbrida ao batuque com ancestralidade africana feito em Alvorada por Dona Conceição, a música tocada pelas caras novas do Rio Grande do Sul estará representada nos três dias da Mostra Novos Discos Nossos, evento organizado pelo músico Thiago Ramil e realizado entre terça e quinta-feira no Teatro Renascença (Av. Erico Verissimo, 307), com parceria da Secretaria Municipal de Cultura.
A ideia do músico, que também compõe a programação do festival, é reunir bandas e artistas que lançaram trabalhos autorais e independentes em 2018. Ainda que a variedade de gêneros musicais seja ampla, é possível detectar nos sete artistas do line-up semelhanças, seja na temática, de espírito crítico e vigilância social, ou de postura, marcada pela união solidária e autossuficiente.
– Todos são trabalhos de muita solidez e maturidade, ainda que sejam variados. Essa multiplicidade também é um sinal de que a música independente feita no Estado vem sendo atravessada por diversos vetores, se desprendeu de gêneros e subverteu suas referências. Apesar das diferenças, isso passa uma sensação de cena sendo formada – avalia Thiago Ramil, que apresentará no palco seu disco EmFrente.
A programação do festival será aberta na terça (4), às 21h, com show do jaguarense Poty, que lançou Percepção, primeiro disco de sua carreira, em 2018. Seu indie rock melódico, construído durante o período em que integrou o coletivo ESCUTA – O Som do Compositor, já havia sido apresentado em 2013, com o EP Casa, produzido por Ian Ramil e Guilherme Ceron. Já às 22h, sobe ao palco Paola Kirst. Natural de Rio Grande, a cantora é um dos nomes mais potentes da nova cena e chama atenção por suas performances intensas e poéticas, com forte influência da dança e do teatro – em 2018, ela lançou costuras que me bordam marcas na pele, que tem instrumental do Kiai Grupo, outro grande nome gaúcho da nova geração.
Quarta, rolam três shows: às 19h30min, o músico e compositor Dona Conceição apresenta Asè de Fala, em que canta sua realidade como negro, jovem, da periferia gaúcha sob um instrumental percussivo com timbres contemporâneos. Em seguida, sobe ao palco João Salazar, que apresenta os arranjos intrincados e a poética inventiva de Lugar Afora, seu primeiro disco, lançado pelo selo Tronco – integrar os selos, fundamentais para os lançamentos independentes, também foi uma intenção da organização do festival. Por fim, a Musa Híbrida apresenta o o recém lançado Piscinas Vazias Iluminadas em Pé.
Na quinta-feira, fecham a programação da mostra o próprio Thiago Ramil e, em seguida, a Trabalhos Espaciais Manuais, que deve promover sua já tradicional festa instrumental como uma espécie de fechamento de luxo para a primeira edição de um festival que, se depender de seus organizadores, finca pé na programação anual de Porto Alegre.
– Estava inquieto com a quantidade de lançamentos recentes e pensei em movimentar ainda mais a cena. Fico muito feliz de poder ser o vetor disso, e espero que possa ter continuidade. Uma das ideias é abranger mais gerações, mas eram muitas ideias para uma primeira edição – avisa Thiago.
Mostra Novos Discos Nossos – Mostra Independente de Música
- De terça (4/12) a quinta-feira (6)
- Teatro Renascença (Av. Erico Verissimo, 307)
- Ingressos: R$ 50 (passaporte para os três dias) ou R$ 40 (ingressos individuais para cada dia), à venda pelo site sympla.com.br
Programação
Terça-feira (4/12)
21h - Poty
22h - Paola Kirst
Quarta-feira (5/12)
19h30min – Dona Conceição
21h - João Salazar
22h - Musa Híbrida
Quinta-feira (6/12)
21h - Thiago Ramil
22h - Trabalhos Espaciais Manuais