Figura central no estudo da cultura nativa gaúcha, Paixão Côrtes contribuiu não apenas para documentar os costumes e a arte do homem do campo. Uma faceta menos conhecida do folclorista é a de pesquisador da música urbana em Porto Alegre.
Paixão, que morreu nesta segunda-feira (27), aos 91 anos, foi um dos principais responsáveis pelo resgate histórico da Casa Elétrica, gravadora que funcionou na Capital entre 1913 e 1923, registrando tangos e sambas. A empresa foi fundamental para pesquisadores de todo o país entenderem como se deu o desenvolvimento da tecnologia do disco no país e na América do Sul.
Desde os anos 1970, o homem que serviu de modelo para o Laçador pesquisou o tema, reunindo documentos e objetos. Ele tratou do assunto no livro Aspectos da Música e Fonografia Gaúchas, de 1984 . O registro foi fundamental para não apagar a memória da primeira gravadora de Porto Alegre, considerada a segunda da história do Brasil.
A empresa também foi tema do livro-álbum de Hardy Vedana A Eléctrica e os Discos Gaúcho, de 2006, e inspirou o longa A Casa Elétrica, de 2013.
– O que importa para mim é saber que as novas gerações estão dando continuidade aos valores de seus antepassados – declarou Paixão, em sua última entrevista, para o Jornal do Almoço (RBS TV), em 2017.