Direto de São José dos Campos (SP), o projeto Síntese retorna a Porto Alegre nesta sexta-feira (13) para apresentar pela primeira vez o seu mais recente álbum, Trilha para o Desencanto da Ilusão, Vol. 1: Amem (2016). Uma das vozes mais talentosas da nova geração do hip hop nacional, o rapper Neto promete exibir no bar Agulha o que julga ser o diferencial do Síntese: o poder de transformação que suas mensagens ofertam.
— Pode esperar a mesma emoção, carga energética do show do Síntese de sempre, mas com uma visão diferente de show. O mesmo arrebatamento do Síntese, mas com um direcionamento de ideias um pouco mais maduro — diz o músico.
Criado em 2010, o Síntese inicialmente era formado pela dupla de irmãos Gestério Neto e Leonardo Irian, que juntos lançaram Sem Cortesia (2012), disco com 27 faixas construído predominantemente sobre batidas secas e poucos refrões. Após a saída de Leo e uma pausa na carreira, o projeto retornou com performances solo de Neto, caracterizadas pela energia e entrega com que o artista se apresenta. Depois da retomada, o músico realizou participações em produções com artistas que lhe renderam mais visibilidade junto ao grande público, caso da música Plano de Voo, presente no disco Convoque Seu Buda (2014), do rapper Criolo.
Trilha para o Desencanto da Ilusão, Vol. 1: Amem é considerado por Neto um álbum de transição, sério e com mensagens positivas, diferindo do lançamento anterior, cuja realidade apresentada é majoritariamente obscura.
— Aquela consciência de todas as maldades do mundo de Sem Cortesia nos afundou num buraco, sabe? Eu tinha que tirar todo mundo do buraco com esse [novo] disco. Com [a mensagem] amem, com a capa azulzinha, com refrão cantado, eu quis trazer uma nova aurora de ideias para quem tinha passado o que a gente passou junto com o Sem Cortesia — explica Neto.
Abertura na cena nacional do rap
Após um 2017 em que diversos rappers de fora do eixo Rio-São Paulo tiveram destaque nacional, caso do baiano Baco Exu do Blues, dos mineiros Djonga e Clara Lima e da brasiliense Flora Matos, Neto observa progressiva abertura na cena rap para artistas de diferentes localidades do país. Apesar das dificuldades ainda existentes, ele, por exemplo, realizou mais de 120 shows com a tour Amem no ano passado.
— Acho que o rap ficou louvando muito o estilo paulistano e carioca por muito tempo, não aceitando nada que era diferente. Uma vaidade, achando que tudo o que era diferente daquilo era feio — diz o artista do Vale do Paraíba. — Rap é uma antropologia, o Brasil é um continente, mano, tem que contar a história do povo e do lugar dele — conclui.
Apesar de não ter a pretensão de lançar um novo disco em 2018, Neto almeja a produção de singles, clipes e colaborações para este ano. Dentre as parcerias já confirmadas está a com Nego Max, que estará presente no palco do Agulha — a união anterior com o rapper resultou na elogiada Vale das Palavras (2015).
Síntese
Nesta sexta-feira (13/4), às 22h.
Agulha (Conselheiro Camargo, 300), fone (51) 99327-1480, em Porto Alegre.
Ingressos: lote 2, de R$ 30 (com a doação de 1kg de alimento) a R$ 60. Online http://www.maisshows.com/sintese-em-porto-alegre-agulha. Na hora mediante disponibilidade.