Às vésperas de completar 20 anos de carreira, a Cachorro Grande lançou seu primeiro disco ao vivo na última sexta-feira. Disponível nas plataformas digitais, Clássicos repassa boa parte dos oito álbuns de estúdio da banda. Marcam presença hits como Sinceramente (com participação de Samuel Rosa, do Skank), Você Não Sabe o que Perdeu, Debaixo do Meu Chapéu, Hey Amigo, entre outras. E na próxima sexta-feira esses clássicos serão reproduzidos no palco do Opinião.
– É a primeira vez que a gente olha para o passado e faz uma turnê na qual pegamos as músicas mais importantes da nossa carreira. Parece que foi escolhido pelo nosso público de tão perfeito que ficou o repertório – garante o vocalista Beto Bruno, em conversa por telefone. Completam o grupo Marcelo Gross (guitarra), Gabriel Azambuja (bateria), Pedro Pelotas (teclados) e Rodolfo Krieger (baixo).
Gravado durante dois shows em junho de 2017, no Centro Cultural Rio Verde, em São Paulo, o disco Clássicos não é acompanhado de um DVD com o registro ao vivo, como é de praxe nos lançamentos da indústria musical.
– Os shows foram filmados, mas essas imagens serão usadas em um documentário que sairá em 2019, que contará a nossa história de 20 anos. Espero que estejamos vivos até lá (risos) – destaca o vocalista.
Hoje radicada em São Paulo, a Cachorro Grande foi formada em Porto Alegre, em 1999, em meio a uma cena efervescente de bandas novas e autorais.
– Cheguei em Porto Alegre em 1999, vindo de Passo Fundo. Montamos a banda uns seis meses depois. Na época, a cidade estava passando por uma fase do blues, qualquer lugar tinha alguém com uma gaitinha. Rolava muito também bandas autorais, o que não se vê muito hoje em dia. Isso foi muito importante para nós porque crescemos em uma cena em que era inadmissível você não tocar suas músicas, não tinha espaço para banda cover. Tu não ias ver um grupo cover de The Doors no Garagem Hermética. Tocávamos com a Video Hits, Bidê ou Balde, Space Rave, entre outras. Era uma cena muito boa – avalia Beto Bruno.
Gradativamente, o grupo foi ganhando terreno além do Mampituba. Os dois primeiros discos, Cachorro Grande (2001) e As Próximas Horas Serão Muito Boas (2004), ajudaram a projetar a banda nacionalmente, mas o boom veio mesmo em 2005, com o álbum Pista Livre e a participação no Acústico MTV: Bandas Gaúchas. De lá para cá, o grupo expandiu sua sonoridade e chegou a uma fase mais experimental nos recentes discos Costa do Marfim (2014) e Electromod (2016), nos quais promove uma fusão do rock com a música eletrônica.
– Em nenhum momento paramos para pensar em um caminho, as coisas foram acontecendo. Quem está no olho do furacão não nota o crescimento. Cada vez que entramos no estúdio pra gravar um disco, tentamos gravar um melhor. Não nos prendemos a modismo, tocamos o tipo de música que nos representa. Já estamos há 20 anos fazendo isso. É um privilégio trabalhar com o que a gente ama, é um sonho. Poder acordar todo dia e dizer: "Bah, eu sou da Cachorro Grande" – reflete o vocalista.
Trajetória marcada por grandes encontros
Em sua trajetória, a Cachorro Grande tocaria com grupos como Aerosmith, Oasis, Supergrass, Nine Inch Nails, Primal Scream e Iggy Pop, mas o ponto alto foi quando abriram para os Rolling Stones – no Beira-Rio, em 2016 –, uma das maiores influências da banda.
– Qual era a melhor coisa que poderia acontecer na vida dos caras da Cachorro Grande? Abrir o show dos Stones no Beira-Rio. Foi um absurdo. Não tem sonho maior que isso. Foi parecido com o dia que conheci minha mulher, Denise, e o dia que tive minha filha, Ana. Foi um dos três dias mais importantes da minha vida – aponta Beto Bruno.
Antes da apresentação, os integrantes da banda puderam conhecer pessoalmente Mick Jagger e cia.
– Foram os 15 minutos mais absurdos das nossas vidas. Vê-los se mexendo na nossa frente, 50 anos de história do rock. Na mesma sala que tu! – diz o vocalista, ainda incrédulo.
Apesar de o rock ter desaparecido das paradas de rádio e não constar nas listas das músicas mais ouvidas no streaming no Brasil, Beto Bruno não se imagina fazendo outra coisa:
– Decidi com 14 ou 15 anos que eu queria ter uma banda de rock e viver disso. Já sabia lá nos anos 1980 que era difícil. As pessoas estão sempre reclamando que não há espaço, que está cada vez mais difícil fazer rock. Velho, faz discos e shows bons, que não vão parar de comprar seus discos nem ir aos seus shows. O lance é respeitar uma por uma as pessoas que pagaram para ir te ver. Elas têm que sair dali felizes com o que viram. É o mínimo que a banda precisa fazer.
CACHORRO GRANDE – CLÁSSICOS
- Sexta-feira, no Opinião (José do Patrocínio, 834)
- Abertura da casa: 22h
- Show de abertura: General Bonimores, às 23h.
- Show da Cachorro Grande: 0h30min.
- Ingressos: R$ 40 (promocional, 1º lote) e R$ 70 (inteira, 1º lote). Ingressos promocionais mediante a doação de 1kg de alimento não perecível na entrada do evento. Sócios do Clube do Assinante e um acompanhante têm 50% de desconto.
- Pontos de venda: Youcom Bourbon Wallig, sem taxa de conveniência. Lojas Youcom (Shopping Praia de Belas, Iguatemi, Bourbon Ipiranga, BarraShoppingSul, Shopping Total, Bourbon São Leopoldo, Bourbon Novo Hamburgo, Park Shopping Canoas e Canoas Shopping) e Multisom (Andradas 1.001) e pelo site blueticket.com.br, com taxa de conveniência.