
A artista e modelo Cassie Ventura, ex-namorada de Sean "Diddy" Combs, depôs no julgamento do rapper nesta terça-feira (13). Ela afirmou que ele "controlava" grande parte da sua vida e utilizava vídeos íntimos para chantageá-la. Em 2023, Cassie o denunciou por agressão sexual e estupro.
Embora tenha retirado a queixa após um acordo extrajudicial, Cassie é a principal testemunha do caso que repercutiu mundialmente. Eles se conheceram em 2005, quando a modelo tinha 19 anos.
Pouco tempo depois, ela assinou um contrato de 10 álbuns com a gravadora Bad Boy Records, pertencente a P. Diddy.
Depoimento de Cassie Ventura
Descrevendo o turbulento relacionamento entre os dois, Cassie afirmou que estava confusa e nervosa, mas que o amava muito. Ela detalhou o início do relacionamento, que evoluiu para um romance ao longo de uma série de viagens.
No entanto, a artista contou que começou a perceber um outro lado de Sean "Diddy" Combs: ele queria controlar todos os aspectos de sua vida, da aparência ao trabalho.
Os dois ficaram juntos por 11 anos.
Agressões
A artista foi perguntada sobre as décadas de abuso que teria sofrido nas mãos de Diddy e com qual frequência as agressões teriam ocorrido.
— Batia na minha cabeça, me derrubava, me arrastava, me chutava — conta Cassie. — Com muita frequência.
Ela detalhou que o resultado das agressões era visível: lábios machucados, olhos roxos e galos na testa.
Um vídeo da câmera de segurança de um hotel em março de 2016, em Los Angeles, mostra o empresário espancando a artista e arrastando-a pelos cabelos por um corredor.
Cassie disse que eles estavam tendo um "freak off", encontro em que Diddy assistia à namorada fazendo sexo com outro homem.
— No primeiro ano do nosso relacionamento, ele propôs essa ideia, esse encontro sexual que ele chamou de voyeurismo, em que ele me assistia tendo relações sexuais com uma terceira pessoa, especificamente com outro homem — conta a artista.
Como foi o primeiro "freak off"
Em lágrimas, Cassie contou como foi o primeiro encontro sexual em que Diddy levou um acompanhante.
Ela disse que tomou ecstasy e álcool antes do momento. Também botou uma máscara, orientada pelo então namorado.
A artista contou que estava se sentindo muito "chapada", mas lembra de se sentir "suja e confusa".
Os "freak offs" teriam passado a ser encontros semanais, contou Cassie, que sentia receio em declinar ao momento.
— Tentei dizer gentilmente que isso me fazia sentir horrível, me sentia sem valor — disse. — Mas ele não se importava.
O julgamento

Israel Florez, ex-segurança do hotel de Los Angeles onde ocorreu a agressão, disse, durante o julgamento, que P. Diddy tentou suborná-lo com dinheiro para que ele ficasse calado.
Os doze membros do júri ouviram na segunda-feira (12), declarações que mostram a face violenta e controladora, de um homem com "poder ilimitado" que não hesitava em comprar vítimas, funcionários e testemunhas para que suas festas sexuais contendo drogas, coerção, ameaças e violências não manchassem a reputação de artista e empresário bem-sucedido.
Sean Combs, 55 anos, se declarou inocente de todas as acusações. Os advogados de defesa argumentaram que, embora o comportamento de Combs seja questionável e tenham havido abusos domésticos, isso não constitui provas das alegações apresentadas.
Defesa de Diddy
A promotora Emily Johnson afirmou que Combs havia incendiado o carro de um homem e enforcado uma mulher, além de ter feito exigências impossíveis a amantes e funcionários.
— Permitam-me ser clara. Este caso não é sobre as preferências sexuais particulares de uma celebridade, mas sobre um comportamento coercitivo e criminoso — disse a promotora.
Teny Geragos, advogada de defesa de Diddy, afirmou que o caso tem a ver com "amor, ciúme, infidelidade e dinheiro". As acusadoras, segundo ela, são "mulheres adultas, capazes e fortes" e, apesar do relacionamento com Cassie ter sido "tóxico", eles eram "duas pessoas que se amavam". Ela admitiu que pode ter havido violência doméstica no relacionamento, mas Combs não é acusado disso.
— Ser participante voluntário em sua própria vida sexual não é tráfico sexual — declarou a advogada.