Toda semana, um jornalista do Grupo RBS irá compartilhar na seção O que Estou Lendo a sua paixão por livros por meio de dicas do que estão lendo no momento.
O título do novo livro dos cientistas políticos Marcus André Melo e Carlos Pereira deixa claro o que esperar: Por que a Democracia Brasileira Não Morreu?. É uma resposta ao best-seller Como as Democracias Morrem, de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt.
A obra de 2018 se propunha a provar que regimes democráticos estavam em colapso, não por rupturas violentas mas por um gradual enfraquecimento das instituições engendrado por governos autoritários. Já Melo e Pereira estudam a resiliência de um país que, em uma década, passou por uma Lava-Jato, um impeachment, a prisão de um líder popular (e seu posterior retorno ao poder), a ascensão de um político de extrema-direita e levantes golpistas.
A ideia é: se não sucumbimos a essa sucessão de crises, isso se deve, veja só, ao nosso tão criticado modelo político, que combina presidencialismo de coalizão e multipartidarismo. Se de um lado favorece o fisiologismo e torna lenta a máquina pública, de outro, exatamente por ser tão intrincado, é um freio automático a investidas antidemocráticas. Nossa ineficiência, afinal, nos protege.
Para concordar ou não, é uma oportunidade de refletir sobre nossa nada tranquila história recente.
Por que a Democracia Brasileira Não Morreu?
- De Marcus André Melo e Carlos Pereira.
- Companhia das Letras.
- 272 páginas, R$ 99,90 o livro físico e R$ 44,90 o e-book.