Toda semana, um jornalista do Grupo RBS irá compartilhar na seção O que Estou Lendo a sua paixão por livros por meio de dicas do que estão lendo no momento.
Dos primórdios de Pindorama ao Brasil contemporâneo, ninguém atraiu multidões, nutrindo tanto amor e ódio como Getúlio Vargas. Num 24 de agosto como este sábado (24), 70 anos atrás, o homem que por mais tempo presidiu o país deu fim à própria vida. Eram 8h35min quando um estampido seco ecoou no Palácio do Catete. No pijama listrado assomava uma poça rubra de sangue, escorrendo do coração para o Colt 32 junto à mão direita.
Síntese do caudilhismo, Vargas chegou ao poder liderando uma revolução, permaneceu com um golpe de Estado e foi deposto por uma conspiração fardada, voltando à Presidência pelo voto popular. “Vivo, não me entrego”, vaticinou ante o cerco que o acossava à véspera do suicídio.
Poucos brasileiros foram tão escrutinados pela história. Em 1.652 páginas distribuídas em três tomos, o jornalista Lira Neto disseca essa trajetória com rigor e elegância, da infância na fazenda onde o gaúcho de São Borja escondia-se entre os galhos de umbuzeiro a cada travessura aos gabinetes em que manipulava aliados e rivais com astúcia inaudita. Da biografia surge um painel magnetizante, que começa e termina com escaramuças políticas resolvidas a bala, primeiro nos inimigos e ao cabo em si mesmo.
Getúlio
- De Lira Neto.
- Companhia das Letras.
- 1.652 páginas em três volumes (vendidos separadamente).