Depois do ato de defesa que foi realizado em Porto Alegre na última sexta-feira (8), Chico Buarque também se posicionou a favor do livro O Avesso da Pele, obra de Jeferson Tenório que foi recolhida de uma biblioteca de escola em Santa Cruz do Sul e, posteriormente, barrada em outros lugares do Brasil.
O icônico artista brasileiro, como forma de apoiar a obra e criticar a censura, protagoniza um vídeo publicado pela Companhia das Letras, editora de O Avesso da Pele, nesta quarta-feira (13). Na postagem, na qual Chico lê trechos do romance, há destaque para a hashtag #EmDefesaDosLivros, que já tem uma série de publicações vinculadas nos últimas anos, mas que ganhou novo fôlego com o recente episódio envolvendo o livro de Tenório.
— Sei que ninguém quer morrer da maneira como você morreu. Um fuzilamento. Sem chances de defesa. Você não teve a mesma chance de Dostoiévski, não é mesmo? Não houve nenhum salvo-conduto. Nada. Nenhum czar para te salvar. Mas sei que, durante a vida, você passou por essas tentativas de fuzilamento. A sua grande obra foi continuar levantando dia após dia. Apesar de tudo, você continuou desafiando a possibilidade de morrer. No Sul do país, um corpo negro será sempre um corpo em risco — declama Chico Buarque na gravação.
Na legenda, foi escrito um resumo da polêmica envolvendo a obra, vencedora do Prêmio Jabuti em 2021. A publicação aponta que o livro foi recolhido de escolas de Santa Catarina, Goiás e Mato Grosso do Sul "após a repercussão da veiculação de um vídeo que distorce e tira de contexto trechos isolados do romance".
"Em defesa dos livros, divulgamos nas nossas redes trechos que mostram a importância e qualidade de uma das vozes mais potentes e estilisticamente corajosas da literatura brasileira contemporânea", conclui a postagem da Companhia das Letras.
Tenório republicou o vídeo da editora em sua conta no Instagram. O autor carioca radicado em Porto Alegre escreveu: "Chico Buarque lendo um trecho de O Avesso da Pele! Que luxo, gente! Que alegria".