— Só duas coisas são certas nesta vida: a morte e que vai chover na Feira do Livro — diz o dono da banca Entrelinhas, Guima Beineke, 69 anos, enquanto varre a água da rua para o esgoto.
A tarde desta quinta-feira (2), Dia de Finados, na 69ª Feira do Livro de Porto Alegre foi com vento forte e muita água, mas, também, foi de intenso movimento. O público gaúcho, já acostumado com a chuva, não deixou de aproveitar a folga para ir em busca de cultura.
Beineke, por sinal, comemora as boas vendas e afirma que foi um grande acerto da organização do evento ter mudado o horário, colocando todas as bancas a abrirem pela manhã.
— Ainda é cedo para afirmar, mas dá para sentir que este ano está melhor em comparação com o ano passado. Os cinco primeiros dias foram ótimos e estou otimista, porque o pessoal vai receber agora e isso deve melhorar ainda mais (as vendas) — afirma o livreiro, que expõe na Feira há 21 anos.
Emanoel Rissi, 24 anos, técnico em radiologia, e o marido Lieberson Agradem, 37, empresário do ramo alimentício, andavam despreocupados pelas bancas, sem tomar conhecimento do tempo fechado. O preço convidativo e as várias opções de livros foram suficientes para tirar a dupla de casa, na Rua Doutor Flores.
— Mesmo com a chuva, o passeio está sendo ótimo. Já achei o livro que eu mais queria, que é A Incrível História da Medicina. Estou achando que está muito bom neste ano, uma pena que tem essa chuva — conta Rissi.
Já Agradem fez a estreia na Feira do Livro. Mesmo morando no Centro Histórico, ele nunca tinha parado para visitar o evento. Segundo ele, o passeio valeu muito a pena e já ia aproveitar para comprar livros de culinária, para aprimorar o seu empreendimento.
— Isso aqui é ótimo. Principalmente para Porto Alegre, que não tem atividades para fazer em finais de semana e feriados. Adorei conhecer e virei mais vezes — garantiu o empresário.
Sol e goteira
Na Rua da Praia, Luana Kaderabek, 43 anos, pesquisadora de mercado, andava pelas bancas com a Sol, sua vira-latas de seis anos. A parceira, porém, era transportada em uma mochila canina nas costas de sua tutora. Simpática, a cachorrinha era o centro das atenções por onde passava.
— Queria muito vir visitar a Feira e aproveitei que hoje é feriado. E Sol veio comigo. Não ficamos com medo da chuva, porque sabemos que é coberto e também moramos pertinho, aqui no Centro mesmo — conta Luana, que procurava livros para ela e para os sobrinhos de dois e 10 anos.
Apesar da cobertura de lonas sobre os corredores da Feira, a banca da editora Belas Artes sofreu com uma goteira bem em cima do expositor de livros, o que gerou necessidade de remanejar algumas obras.
Jéssica Ribeiro, 27 anos, supervisora comercial da editora, levou o imprevisto com bom humor, principalmente pela questão das boas vendas:
— No geral, a chuva não está atrapalhando, nos acostumamos a conviver com ela. O movimento está bem grande. Não estivemos no ano passado, mas o público pediu e voltamos. E está sendo bem positivo — garante Jéssica.
A 69ª Feira do Livro de Porto Alegre segue até o dia 15 de novembro na Praça da Alfândega, com ou sem chuva.