Livros esgotados de Moacyr Scliar em breve voltarão às estantes com páginas cheirando a novas. A partir de setembro, a Companhia das Letras vai colocar em prática um projeto de reeditar obras do escritor gaúcho morto em 2011. Começa com a reimpressão da edição de bolso de A Majestade do Xingu (1987), já prevista para o próximo mês. No primeiro semestre do ano que vem, a obra ganhará versão especial com capa nova, prefácio e posfácio inéditos de autoria dos escritores Paulo Scott e Michel Laub, respectivamente.
Outras novidades são uma edição ampliada da antologia de contos batizada de Contos Reunidos (1995), desta vez organizada pela professora de Literatura da UFRGS Regina Zilberman e com previsão de lançamento para o fim do ano que vem, além de uma adaptação em quadrinhos daquela que é considerada a obra máxima de Scliar, O Centauro no Jardim (1980), essa sem data para sair.
Demais títulos no catálogo da editora, como Sonhos Tropicais (1992), Saturno nos Trópicos (2003) e Manual da Paixão Solitária (2008), entre outros, devem ganhar reedições com capas novas. Referência nos estudos sobre a literatura de Scliar, Regina afirma que a nova reunião de contos manterá textos que fizeram parte da primeira edição, mas incluirá coisas que o escritor produziu depois.
— Nos anos 1990, o Moacyr concordou com a publicação de Contos Reunidos, e o livro teria tudo o que ele considerava importante entre os contos, aquilo que achava melhor. Curioso que, a partir daí, ele não faz outros livros de contos. Mas não deixou de escrevê-los. A nova seleção vai manter os contos já publicados e acrescentar os que foram escritos depois. O próprio Moacyr me mandou vários — diz a professora.
Pedro Schwarcz, assistente editorial da Companhia das Letras e editor das obras de Scliar, reforça a importância de relançar obras de um escritor acessível e sofisticado ao mesmo tempo, dotado de uma singular capacidade de misturar história e ficção para construir narrativas engraçadas e também melancólicas.
— Scliar mescla o romance histórico com elementos de literatura fantástica, brinca com os mitos formadores de nossa cultura ocidental judaico-cristã. Mistura humor, lirismo, sátira e melancolia. História e ficção se fundem de um jeito conflitante e crítico. É um grande romancista e um grande contista. Merece ser reeditado — pontua Schwarcz.
Para Regina, a atemporalidade das temáticas de Scliar são capazes de conquistar gerações após gerações.
— O Moacyr tem muito a dizer para qualquer geração, porque os temas seguem atuais. A Majestade do Xingu, por exemplo, retrata os indígenas do Xingu, e isso lá nos anos 1980, quando o debate sobre a questão indígena nem era tão forte. Mas seus livros precisam estar ao alcance do leitor.