Mesmo com a chuva que caiu em Porto Alegre neste domingo (13), o público compareceu à Praça da Alfândega para aproveitar o último final de semana de Feira do Livro, que encerra na terça-feira (15). O movimento foi menor do que costuma ser aos domingos, mas, em termos de vendas, os livreiros tiveram motivos para celebrar.
Durante a tarde, todos os pavilhões tinham uma circulação considerável de pessoas. Não como visto no último sábado (12), quando estava difícil até para caminhar entre os toldos brancos, mas ainda assim não houve banca que ficasse vazia. O movimento até surpreendeu Rafael Prudêncio, da Editora Arquipélago.
— Ontem nós nem conseguimos parar para almoçar, de tanta gente que apareceu. Hoje eu diria que, para o dia, está muito bom também. Em geral, dia de chuva faz diminuir o número de pessoas, mas mesmo assim está tendo bastante movimento — avalia o livreiro da Arquipélago, onde um grupo de pessoas se dividia para folhar a biografia de Elis Regina escrita pelo gaúcho Arthur de Faria e as obras da jornalista Eliane Brum, os carros-chefes da banca nesta edição.
Para Rudimar Bernardes, da Editora AGE, quem folheou neste domingo, provavelmente também comprou. Isso porque, com a chuva, o que se viu foi um número menor de pessoas que vão à Feira para passear. Mas, em contrapartida, marcaram presença aqueles que vão para realmente garimpar os balaios, descobrir os melhores achados e finalmente comprar.
— O movimento está mais baixo, mas o diferencial é que as pessoas que vieram hoje, vieram para comprar livro. Aquele pessoal que sai no domingo para passear na Feira, que é grande parte do público, ficou em casa por conta da chuva. Claro que também se faz venda para essas pessoas, mas é aquela venda que a gente chama de impulsiva: a pessoa vem só para passear, mas depara um título que é do interesse dela e acaba comprando. Já hoje, pela chuva, quem veio é quem já escolheu seus títulos e sabe que este é o último domingo de Feira, que está acabando a oportunidade de garantir os descontos — diz o livreiro.
É o caso de Pablo Conde, 37 anos, morador de Bento Gonçalves, que foi às bancas dispostas na Praça da Alfândega em busca de edições antigas de O Senhor dos Anéis. Não encontrou, mas aproveitou para viver a experiência da Feira do Livro e descobrir novas obras. Para ele, esse é o grande diferencial do evento literário.
— É bem impossível competir em preços com uma Amazon, por exemplo, mas o que faz a Feira do Livro valer a pena é a experiência. Agora mesmo eu acabei de pegar um livro na mão e ler um conto inteiro. Gostei do que li, então talvez eu compre porque tive essa experiência de abrir o livro e conhecer a escrita da autora — diz ele.
O morador de Bento Gonçalves desceu a Serra junto da companheira Amanda Machado Madruga, 34 anos. Os dois vieram ainda no sábado (12) para conferir as exposições da 13ª Bienal do Mercosul, que encerra no dia 20, e também aproveitaram para dar uma passadinha na Feira do Livro.
A experiência no sábado, porém, não foi tão positiva quanto a deste domingo, apesar da chuva. Com o tempo firme e o calor do dia anterior, muita gente aproveitou para visitar o evento, o que fez a circulação ficar mais difícil. Pablo e Amanda acabaram desistindo e deixaram a visita para o dia seguinte. Foi uma boa decisão.
— Tínhamos vindo com a intenção de já ver algumas coisas, mas não conseguimos parar, porque estava muito cheio e muito quente. Hoje, com um fluxo menor de pessoas, com um clima mais ameno, fica mais tranquilo de a gente conseguir olhar os volumes — diz Amanda.
Segundo a livreira Clô Barcellos, da Editora Libretos, Feira do Livro em dia de chuva é mesmo algo a parte. Segundo ela, quem vai ao evento literário em dias assim, acaba se apaixonando. É outra experiência, garante.
— É fato: quem vem na Feira em dia de chuva, adora, pois é um clima bem mais intimista. Tu consegues ver as coisas com calma, sem acotovelamento, garimpar melhor, comer uma pipoquinha, tomar um café — afirma Clô, salientando que proximidade do fim do evento, somada à chuva, também trouxa à Praça um clima melancólico típico dos finais de Feira do Livro. — Hoje tem um bom movimento, só que as pessoas ficam um pouco abatidas com esse tempo. A gente sente um ar de melancolia, uma saudade porque já está acabando. Só que isso é algo que também é muito bonito, uma melancolia que faz parte.