Quem costuma passar pela Rua Riachuelo, no Centro Histórico de Porto Alegre, ficou meses sem poder ver a beleza da Biblioteca Pública do Estado (BPE) em sua plenitude, isso porque o edifício estava, desde fevereiro deste ano, coberto por tapumes. Agora, porém, as proteções foram removidas e o motivo de seu ocultamento foi revelado: o prédio passou por uma reforma, que revitalizou a sua fachada.
Nestes últimos meses, foram realizadas a lavagem da fachada e dos bustos, a restauração de rebocos e elementos ornamentais, a colocação de proteção contra pombos, além da aplicação de uma pintura antipichação.
— Com a tinta antipichação, é mais fácil de limpar as paredes e não tem necessidade de pintar todo o prédio. Então, a manutenção é melhor, mais fácil. Já a proteção contra pombos é para eles não pousarem e sujarem. Já tinha em grande parte do prédio, mas, agora, foram colocadas nos lugares que ainda não tinham — esclarece Morgana Marcon, diretora da BPE.
Subsidiado pelo programa Avançar na Cultura, do governo do Estado, o restauro da parte externa custou o montante de R$ 1,3 milhão. A obra foi realizada pela empresa Arquium Construções e Restauro.
Outra etapa da reforma foi a impermeabilização da laje da cobertura e a restauração da claraboia. Para tais restauros, houve um investimento da Secretaria de Estado da Cultura (Sedac) de R$ 185,3 mil.
Internamente, a BPE também está tendo obras, como a recuperação e o restauro das pinturas murais do hall de entrada da BPE, que na década de 1950 foram cobertas com tinta cinza. Para tal, foram destinados cerca de R$ 516 mil, por meio do programa Avançar na Cultura. Além disso, os pisos de parquê de cinco salas no térreo, junto à Sala de Leitura, foram lixados e renovados, com recursos de R$ 12 mil.
Parte dos investimentos para deixar o prédio renovado também veio da Associação dos Amigos da Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul (AABPE), que entrou com aporte financeiro na ordem de R$ 152 mil para a conclusão das obras de restauro das pinturas murais do hall da BPE.
— O restauro da pintura mural do hall de entrada está previsto para até o final do ano, porque tem muita coisa para fazer ainda. É um trabalho bem minucioso. Tem que remover a tinta cinza que fica por cima da pintura original e, depois, restaurar onde está danificada. Fazer a reintegração da pintura — aponta Morgana.
Segundo o presidente da AABPE, Gilberto Schwartsmann, o restauro do hall de entrada, no andar térreo, deve ser concluído e entregue para a sociedade até o próximo dia 30 de novembro, data em que a BPE receberá uma grande exposição internacional que celebrará os cem anos do falecimento do romancista francês Marcel Proust. Serão mais de 300 itens, que virão de várias partes do mundo, e poderão ser visitados até fevereiro de 2023.
— Vai ser um momento muito bonito. E queremos fazer a entrega oficial da primeira etapa do restauro, com o hall de entrada todo refeito. Quando removemos aquela camada de tinta cinza, surgiu um mundo por trás. Afrescos lindos. Está ficando uma coisa maravilhosa. São desenhos, ornamentos que tinham naquela parede que serão restaurados e tornarão a entrada da biblioteca num sonho— destaca Schwartsmann, que pontua que a AABPE trabalha de maneira permanente em conjunto com o governo do Estado e com a diretoria da BPE, na busca de melhorar e modernizar a instituição.
Centenário
Uma instituição da Sedac, a BPE completou, em abril último, 151 anos. O prédio em que ela é abrigada, porém, é mais novo. No dia 7 de setembro, além de comemorar a Independência do Brasil, também será celebrado o centenário do edifício que fica no número 1.190 da Rua Riachuelo — antes de se instalar no seu local próprio, a biblioteca foi abrigada em diversos órgãos do Estado.
E, por isso, a diretora do espaço comemora que as obras estejam deixando a BPE ainda mais bonita, pois, entre 8 e 14 de setembro, haverá uma comemoração especial para o público. A programação ainda está sendo fechada, mas Morgana antecipou que haverá um recital comemorativo, uma solenidade de entrega de placa pela Associação de Amigos, um bate-papo, uma exposição, entre outras atividades.
— A gente está bem contente que essas obras estejam acontecendo e sejam concluídas no centenário do prédio, porque ele vai ganhar uma vida nova. Para nós, é simbólico e importante entregar para a comunidade, para o público, no centenário do prédio, boa parte dele restaurado — finaliza Morgana.