Clara Corleone garante que, ao fim da leitura, é possível entender melhor a escolha do título de Porque Era Ela, Porque Era Eu (L&PM, 168 páginas, R$ 39,90), livro que assina nesta quinta-feira (4), às 19h, na Praça de Autógrafos da 67ª Feira do Livro de Porto Alegre.
É o nome de uma música de amor de Chico Buarque, mas, segundo lhe contou Milton Ribeiro, da livraria Bamboletras, também é uma resposta dada por Montaigne para justificar um laço de amizade.
Em seu romance, Clara até fala sobre amor e amizade, mas o foco mesmo é a autoestima feminina e a forma como as mulheres se envolvem afetivamente com os homens. São duas personagens, uma é a oficial e a outra é amante. Enquanto a primeira não quer abandonar o casamento pelo medo de ficar sozinha, a segunda não consegue se retirar porque, diz a autora, "aceita menos do que merece".
— Aquilo que acontece com uma poderia ter acontecido com a outra. Estamos muito aptas a nos ferrar por amor, sendo a oficial ou a amante. Porque achamos que o amor é o Santo Graal da vida das mulheres — diz Clara.
Conhecida por questionar padrões de relacionamentos, Clara garante que não tem nada contra o amor. Mas reflete, nas cerca de 160 páginas, sobre o investimento desproporcional que as mulheres fazem em parcerias medíocres, geralmente porque colocam a conquista do amor como prioridade da lista de desejos.
Também não quer expulsar os homens da face da Terra, como pôde parecer com o título de seu primeiro livro, O Homem Infelizmente Tem que Acabar (Zouk, 2019). Vê, inclusive, um avanço no comportamento das gerações mais novas, enquanto os caras de sua idade, se ainda não deixaram de ser machistas, ao menos estão cuidando para não falar tanta bobagem.
— A tendência é melhorar, mas acho que ainda teremos grandes mulheres com pequenos homens — avalia.
Se eles não mudam, Porque Era Ela, Porque Era Eu vai trazer a transformação de cada personagem. Um convite para o leitor fazer uma revisão de si mesmo.