A jornalista Juliana Bublitz colabora com o colunista Tulio Milman, titular deste espaço
Menor e mais acolhedora, a Feira do Livro de Porto Alegre voltou à Praça da Alfândega e, com ela, veio junto a alegria do reencontro. Sob os jacarandás floridos e as palmeiras imponentes, há mais do que bancas e toldos brancos: há algo diferente no ar, um sentimento de esperança e uma certa sensação de volta à normalidade, ainda que os sinais da pandemia continuem presentes.
Percorri os caminhos da mostra literária no último sábado com um misto de satisfação e curiosidade. Conversei com livreiros, ouvi frequentadores e troquei impressões com comerciantes. Por trás das máscaras, as pessoas sorriam.
— O povo estava precisando disso — resumiu Jurema Andreolla, da editora Paulinas.
Na última edição, em 2020, o evento ficou restrito ao ambiente virtual, mas nada substitui a experiência de conversar com um vendedor experiente. Nada supera o prazer de escolher um exemplar ao acaso para folhear sem pressa, longe do telefone celular e da loucura das redes sociais. Nada suplanta o deleite pueril de comer pipoca fresquinha enquanto descansamos em um banco, olhando a vida passar.
— As pessoas estão felizes. Parecem até aliviadas — contou a pipoqueira Sandra Serpa, enquanto "pilotava" sua carrocinha estacionada bem no meio da praça.
Talvez seja isso mesmo. A feira traz consigo a magia de suspender o tempo e a oportunidade de pisar outra vez no terreno fértil da literatura. Válvula de escape? Sim, mas também uma oportunidade para aprender a ler esse novo mundo, como diz o slogan da feira.
— Acho que não podemos deixar o livro morrer. No fundo, é isso — traduziu Daice Fuhr, da L&PM Editores.