Clássico de várias infâncias, há 41 anos surgia a figura do garoto que usava uma panela na cabeça. O Menino Maluquinho, personagem criado por Ziraldo, ressurge em 2021 em novas versões. Organizada e ilustrada por Fábio Yabu, 41, a coletânea de contos de vários autores Os Meninos Maluquinhos (Melhoramentos, 96 páginas, R$ 45) é uma homenagem à infância e ao pai do personagem.
– É um personagem quase arquetípico. É como se ele fosse o Pequeno Príncipe: uma infância idealizada, um pouco filosófica. Justamente por isso, toca tantas pessoas em gerações diferentes – afirma Yabu.
Vivências
A história escrita por ele fala sobre um garoto que descobre uma palavra que faz com que coisas mágicas aconteçam. Yabu foi inspirado por duas situações envolvendo Ziraldo. Uma delas foi quando o autor destacou a importância dos espaços em branco. Outra foi quando explicou a diferença entre o Capitão Marvel e o Super-Homem: este voa com um punho cerrado para a frente e o outro dobrado, enquanto aquele voa com os braços esticados.
— Eu me emocionei na época, é uma observação que só uma criança poderia fazer — diz Yabu.
Seguindo essa mesma linha de fantasia, o escritor Gustavo Reiz trata de um robô com rodinhas nos pés, aplicativos na barriga e comandos de voz para acessar o que quiser. Mas o principal enfoque de Os Meninos Maluquinhos é mostrar infâncias em diferentes situações sociais. O quadrinista Vitor Caffagi conta a história de um menino que adorava os sábados, pois era o dia em que mais podia ser criança. Já o apresentador do GugaCast, Guga Mafra, traz à tona os clubinhos da infância e a dificuldade em aceitar a chegada de um irmão. O conto do roteirista e ilustrador Rafael Calça fala sobre um garoto órfão, acompanhando dilemas de crianças que buscam um lar. Em outra perspectiva, o influenciador Load Comics expõe a trama de uma criança que nasceu na periferia e vê o esforço da família para suprir as necessidades básicas dos filhos. Já o personagem de Cristino Wapichana é um menino branco que conhece, pela primeira vez, uma tribo indígena.
— O Menino Maluquinho que nasceu na favela não pode dizer que teve a mesma infância do menino da classe média do Rio. Cada conto é feito por uma pessoa que tem essa vivência — explica Yabu.
A representatividade feminina será tratada em outra obra, As Meninas Maluquinhas, com mulheres escrevendo contos relacionados às suas vivências. Yabu também será o ilustrador, para manter a identidade visual. O volume seria lançado junto com Os Meninos Maluquinhos, mas, por conta da pandemia e da agenda das autoras, teve de ser adiado. A previsão é para setembro.