Seja em suas letras com características de crônicas, seja em conversas com amigos ou até consigo mesmo, o cantor Wander Wildner sempre foi um contador de histórias. Agora, ele reuniu seus depoimentos no livro Aventuras de um Punkbrega, que está com financiamento coletivo aberto na plataforma Catarse.
Para não ficar parado na pandemia, o músico criou o WanWanShow — apresentações exibidas no YouTube —, que serviu para aquecer seu contato com os fãs. Em fevereiro deste ano, ele lançou o EP Isolamento, composto e gravado durante a quarentena.
A ideia para o livro surgiu em setembro de 2020. Na época, Wander estava no litoral sul da Paraíba. Foi um período que ele sentia necessidade de fazer algo que fosse além do WanWanShow.
— Estava me sentindo bem com o projeto, estava bem legal, mas queria algo mais. Muitos amigos e fãs me sugeriam: "Por que tu não escreves um livro?". Eu sou um contador de histórias. As letras das minhas músicas são crônicas da vida cotidiana. Já tinha essa ideia na cabeça, mas nunca tinha ido a fundo nela — relata Wander.
Apesar do desafio que era contar suas histórias em um formato mais extenso, Wander finalizou o livro rapidamente, em novembro.
— Eu já tinha muitas histórias na minha cabeça. Sempre fui de revisar o meu passado, de ter conversas interiores comigo mesmo e deixar as histórias fluírem. Comecei a derramá-las no papel — conta o músico.
Wander ressalta que o livro não é uma autobiografia, mas uma coleção de 18 histórias suas. Na obra, ele apresenta causos que achou interessante contar para seus fãs e amigos. As mais de 100 páginas são ilustradas por Allan Sieber, um velho parceiro de Wander — foi o cartunista que criou a arte do disco Baladas Sangrentas (1996). Em Aventuras de um Punkbrega, as ilustrações de Sieber dialogam com o texto do músico.
— É meu amigo. Já morei na casa dele há anos atrás. Participa da minha carreira desde o meu primeiro show solo, em que pedi para ele fazer a arte do flyer. Além da nossa amizade, a arte dele é incrível. Allan é especial, admiro muito o que ele faz. A arte dele combina com o meu trabalho. Tem uma certa sujeira, uma estranheza presente na produção dele e nas minhas músicas — explica o cantor.
Financiamento coletivo
Para lançar Aventuras de um Punkbrega, Wander criou a editora Yeah Livros & Bugigangas e na última quinta feira (1°/4) lançou a campanha de financiamento coletivo do livro na plataforma Catarse. O apoio ao projeto pode ser realizado até o dia 10 de maio, com as entregas das recompensas — o que inclui a obra — previstas para serem entregues a partir do dia 15 de junho. O autor ainda não sabe se o livro chegará a ser vendido em livrarias, ao que aguardará para ver se chegam propostas.
Tendo como objetivo inicial arrecadar R$ 15.777, a campanha tem meta flexível: o realizador recebe os recursos investidos mesmo que não tenha atingido o valor proposto. O resultado tem sido animador para Wander: até a tarde desta segunda-feira (5/4), já havia arrecadado R$ 13.990, o equivalente a 88% da meta.
As modalidades de apoio começam em R$ 54, em que a recompensa é a obra autografada e o nome impresso na lista de apoiadores no final do livro. Entre outras recompensas, há a possibilidade de um show solo de 90 minutos transmitido da casa de Wander para o apoiador assistir – data e horário serão definidos por ambas as partes para depois do dia 15 de junho. Também há outros mimos, como discos, camisetas e até ternos e blazers de Wander. O cantor pretende ir incrementando as recompensas durante a campanha.
Wander repete com Aventuras de um Punkbrega a experiência de financiamento coletivo que teve com o disco Wanclub (2016). Ele conta que na época teve um resultado muito feliz, em que autografou mais de 400 discos para os fãs. Então, o músico decidiu seguir por esse caminho novamente. O cantor realça que, desta vez, a campanha é lançada em um momento de maior aproximação com os fãs, apesar da pandemia, graças a suas lives.
— Foi uma coisa que me preencheu muito. Tenho ali um feedback, que era uma coisa que estava me faltando nos últimos anos. Sempre tive meus fãs, mas a maioria do público estava indo aos meus shows só por ir. Teve essa mudança no ano passado que me levou a ter contato maior com os fãs. Está funcionando: estou muito contente com a receptividade direta — comemora Wander.