O escritor Colson Whitehead foi anunciado, nesta segunda-feira (4), como o ganhador de mais um prêmio Pulitzer, desta vez pelo livro Reformatório Níquel. Na obra, por meio da história de um reformatório para menores infratores, ele discute a segregação racial nos Estados Unidos. Whitehead já havia sido premiado com o Pulitzer pelo seu romance Underground Railroad, em 2017.
O júri do Pulitzer descreveu o romance como "uma narrativa poderosa de perseverança, dignidade e redenção humanas". Ambos os livro do autor são publicados no país pela HarperCollins Brasil e estão em catálogo.
O escritor e pesquisador Benjamin Moser, por sua vez, foi eleito pelo livro Sontag - Vida e Obra (Companhia das Letras), biografia de Susan Sontag lançada no Brasil no ano passado. A obra é fruto de sete anos de entrevistas e pesquisas nos arquivos deixados pela intelectual.
Os jurados do Pulitzer disseram que a biografia de Moser captura a inteligência e a humanidade de Sontag, bem como seus "vícios, ambiguidade sexual e entusiasmo volátil".
Na categoria poesia, o Pulitzer elegeu The Tradition, de Jericho Brown, não publicado no Brasil. Já as obras de não ficção eleitas foram The End of the Myth, de Greg Grandin, e The Undying, de Anne Boyer.
A obra de dramaturgia eleita foi A Strange Loop, de Michael R. Jackson.
Jornais
O jornal The New York Times conquistou a maior parte dos prêmios Pulitzer de Jornalismo este ano. O veículo norte-americano venceu em três categorias, incluindo um pela investigação de Brian M. Rosenthal sobre o setor de táxis, que revelou empréstimos com taxas predatórias para motoristas vulneráveis.
Ele também conquistou o prêmio na categoria internacional por uma série de artigos sobre o governo do presidente russo Vladimir Putin. A jornalista Nikole Hannah-Jones obteve o prêmio de Melhor Comentário por um ensaio pessoal sobre as origens dos Estados Unidos através dos olhos de escravos africanos.
O Pulitzer é considerado o mais importante reconhecimento que jornalistas e organizações de imprensa com sede nos Estados Unidos podem receber.
Outros publicadores também foram nomeados. A Reuters ganhou o prêmio de fotografia de notícias em tempo real por suas imagens dos protestos de Hong Kong. O Courier-Journal, em Lexington, Kentucky, venceu na categoria de notícias por cobrir centenas de anistias concedidas pelo governador do Kentucky, Matt Bevin.
O prêmio de jornalismo analítico foi concedido aos funcionários do jornal The Washington Post por uma série que mostrava os efeitos de temperaturas extremas no planeta. Já o Baltimore Sun obteve o prêmio de melhor reportagem local por uma matéria sobre a relação financeira entre o prefeito daquela cidade e um sistema de hospitais públicos sob sua administração.
Duas organizações ganharam o prêmio nacional de jornalismo: o ProPublica, por uma investigação sobre uma série de acidentes na Marinha americana, e o The Seattle Times, pela cobertura que expôs falhas de projeto nas aeronaves 737 Max da Boeing.
O jornalista Ben Taub, da revista The New Yorker, ganhou o prêmio de melhor relato de texto por uma história sobre a crescente amizade entre um guarda da prisão americana em Guantánamo e um prisioneiro que foi torturado.
O cartunista nova-iorquino Barry Blitt, conhecido por seus delicados desenhos em aquarela de personagens e políticos da Casa Branca sob o governo Trump, ficou com o prêmio de melhor história em quadrinhos.
A Associated Press recebeu o prêmio de reportagem fotográfica por imagens que ilustram a vida na região da Caxemira, disputada pela Índia e o Paquistão, quando a Índia revogou o status de semi-autonomia.
Ida B. Wells (1862-1931), pioneira do jornalismo investigativo e ícone da luta pelos direitos civis, recebeu uma menção póstuma.