Na primeira vez que o americano Colson Whitehead veio ao Brasil, e aquela era sua primeira viagem internacional, ele era um rapaz de 24 anos, deprimido e quebrado com um mochilão nas costas. Saiu daqui decidido a se tornar escritor. Agora, prestes a completar 50 anos e depois de lançar seis romances, ele volta ao país como uma das atrações da Festa Literária Internacional de Paraty, a Flip, que será realizada de 25 a 29 de julho.
Autor do premiado The Underground Railroad - Os Caminhos Para a Liberdade (HarperCollins Brasil), vencedor do Pulitzer de ficção e do National Book Award e que vai virar série da Amazon com direção de Barry Jenkins (Moonlight), Whitehead vai dividir a mesa da Flip no sábado com Geovani Martins, morador do morro do Vidigal que acaba de estrear na literatura com O Sol na Cabeça, cujos direitos já foram vendidos para diversos países e para o cinema – Karim Aïnouz vai dirigir o filme.
A programação foi anunciada na manhã desta terça-feira (5), em São Paulo, pela curadora Josélia Aguiar, e a Flip deste ano recebe 33 convidados – 17 mulheres e 16 homens. O evento não será mais feita na Igreja da Matriz, como no ano passado, quando não houve verba suficiente para a estrutura, ou na grande Tenda dos Autores, como nos anos anteriores.
Agora será montada, ao lado da igreja, uma tenda para 500 pessoas, com cerca de 450 ingressos disponíveis para venda e outros 50 para distribuição para a população de baixa renda, convidados e patrocinadores. Na frente dessa tenda haverá uma outra tenda, onde 700 pessoas – e quem mais conseguir um espaço nas laterais – poderão assistir às mesas por um telão. Os ingressos são gratuitos.
Hilda Hilst é a autora homenageada e será lembrada em algumas das mesas da programação. Eder Chiodetto, Iara Jamra e Zeca Baleiro, por exemplo, fizeram obras baseadas no trabalho de Hilda e relembram seus encontros com a escritora. Em outros casos, uma performance inspirada em sua obra será feita antes do início dos debates.
Destaque também para a mesa Amada Vida, com Djamila Ribeiro, pesquisadora de filosofia política e feminista e autora de O Que é o Lugar da Fala (Letramento) e Quem Tem Medo do Feminismo Negro (Companhia das Letras, no prelo), e a escritora argentina Selva Almada, autora de Garotas Mortas (Todavia).
A atriz Fernanda Montenegro e Jocy de Oliveira, pioneira na música de vanguarda e hoje dedicada à ópera multimídia, estarão juntas na mesa de abertura. Sérgio Sant'Anna, Juliano Garcia Pessanha e Laura Erber estão entre os convidados brasileiros.
Entre os estrangeiros, participam Leïla Slimani (Marrocos/França), vencedora do Gouncourt com Canção de Ninar (Tusquets); André Aciman (Egito/EUA), autor de Me Chame Pelo Seu Nome (Instrínseca), que virou filme recentemente; o historiador Simon Sebag Montefiore, biógrafo de Stálin, dos Ramanov, de Catarina, a Grande e de Jerusalém, todos publicados pela Companhia das Letras; e Christopher de Hamel, especialista em manuscritos medievais. E ainda Liudmila Petruchévskaia (Rússia), Alain Mabanckou (Congo/França), Isabela Figueiredo (Moçambique/Portugal) e o suíço Fabio Pusterla e a italiana Igiaba Scego, entre outros.